sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Agenda


Depois Das Férias
Os Inquisidores
Mahatma Gangue
Ataque Mental
Camarones Orquestra Guitarrística
Local: NASDIR DRINKS (Beco das Frutas) - Centro - Mossoró
Data: 01/02/2009
Hora: 17:00
Entrada: 5,00


Ataque Mental Um dos grupos que mais tem agitado as noites de música punk em Mossoró, composto por membros remanescentes de outras bandas já conhecidas da cidade como Spunk e Fora do Ar. O som é punk rock brazuca, lembrando a safra Punk SP da década de 80.
http://www.myspace.com/ataquemental

Os Inquisidores Mais uma vez vem assombrar a cidade de Mossoró e esbagaçar os deputados com suas vociferações ocultas, comandados por Akyrio Patrick essa gangue de mortos-vivos despoja seu punk horror desde 2001 e de lá para cá vem se tornando uma das bandas mais respeitadas no assunto. Desperte do seu pesadelo e venha ao encontro da Embalsamada.
http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/inquisidores

Camarones Orquestra Guitarristica Pela 1º vez em Mossoró, esses sortudos terão o privilégio de se apresentar no inferninho de Crater City. O som é dançante, música bem tocada e com 3 guitarras num duelo Jedi, instrumental. Guitarras, surf-music e rock n'roll. Os Camarones de Natal estão em turnê e atravessarão diversas cidades do Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará nessa peregrinação de cordas e palhetas.
http://www.myspace.com/camaronesorquestraguitarristica

Mahatma Gangue Após deixarem seu 1º registro, o cd/ep Ritmo Selvagem, os incansáveis surfistas de Crater City compôem o cast da gafieira, banda da casa que é composta por figurinhas carimbadas do Beco Das Frutas. Marginais skatistas que tocam seu garage/Surf-punk para pessoas de ouvido sujo.
http://www.myspace.com/mahatmagang


Fonte: http://www.fotolog.com/anajja/59031523

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Punks Muçulmanos




Por Brian Whitaker (19 de março, 2007)
Traduzido por Sylvia Bojunga


Nesta semana foi publicado no Reino Unido um livro sobre muçulmanos, o qual, posso afirmar com segurança, é absolutamente singular. É uma novela intitulada “The Taqwacores”.

Embora eu tema que nossa elite literária possa desprezá-la e que os muçulmanos mais conservadores sintam-se ofendidos por ela, a obra já conquistou uma seita nos Estados Unidos e algum reconhecimento por aqui no The Sun. Nas palavras do editor: "The Taqwacores está para a literatura assim como o Sex Pistols foi para a música."

Aguardo a chegada do livro com muito interesse porque, por acaso, eu ajudei a trazê-lo para a Inglaterra... mas talvez eu deva voltar ao início.

O autor, Michael Muhammad Knight, pode ser descrito como o Hunter S. Thompson da literatura islâmica. Americano de descendência católica irlandesa, converteu-se ao Islã aos 16 anos lendo a biografia de Malcolm X. Aos 17, partiu para o Paquistão, e passou seis horas por dia estudando religião, entrou em contato com refugiados afegãos e quase se juntou aos combatentes chechenos. Porém, mudou de idéia, retornou aos EUA, desiludiu-se e transformou-se em um punk muçulmano.

Caso você esteja imaginando o que é um punk muçulmano, ou como se tornar um deles,
eu também não estou inteiramente seguro, mas, no caso de Knight, significa ser "aquele cara em uma festa que fica num canto e fala merda sobre todo mundo."

Isso inclui fazer o diabo com o establishment muçulmano. Ele reivindica para si o fato de ter feito a má fama de Yusuf Islam (ex-Cat Stevens) e outras celebridades muçulmanas, e escreveu uma série de reportagens sobre as conferências da Sociedade Islâmica da América do Norte (2003, 2004 e 2005) em estilo que faz lembrar a revista Rolling Stone.

Em uma entrevista em 2004, ele destacou as semelhanças entre a comunidade muçulmana e (você nunca adivinharia) George W Bush: "Ele é anti-aborto, anti-gay e defende tudo o que faça do Islã típico algo tão duro e vil como o Cristianismo típico."

Dizem que Knight passou a visitar sua mesquita local somente à noite, quando não havia mais ninguém por perto, e eventualmente conseguia uma chave que permitia que dormisse lá. Foi durante as noites na mesquita que ele começou a escrever histórias e seu primeiro livro “Where Mullahs Fear to Tread” (Onde os mulás temem pisar) – concluído aos 19 anos – , que teve a honra de ser banido por autoridades religiosas em Singapura.

Seu segundo livro, “The Taqwacores”, é a história de alguns punks muçulmanos em Buffalo, Nova Iorque, dividindo, juntos, uma mesma casa. A sala de estar tem múltiplas funções, como local para orações e espaço livre para festas – para os primeiros propósitos, eles arrancaram alguns tijolos da parede para servir como um oratório voltado para Meca. Sua vida em comum mistura sexo, drogas e orações em quantidades aproximadamente iguais, somadas à devoção quase-religiosa pelas bandas punk islâmicas taqwacore – o tipo de músicos que perdem suas convicções de rua no momento em que começam a se tornar populares.

Este é o ponto no qual a ficção se torna realidade, porque na época em que o livro foi escrito a música taqwacore não existia realmente. Agora existe, como resultado do livro. A palavra taqwacore é uma combinação de hardcore (som de rock pesado) e "taqwa" – um termo árabe geralmente traduzido por "devoção".

Hoje, a banda taqwacore mais conhecida é “The Kominas” (uma palavra Punjabi que significa bastardos), e algumas de suas letras estão aqui. Uma de suas canções mais polêmicas, “Rumi Was a Homo” (Rumi era homossexual), ataca Siraj Wahhaj, um proeminente imã (líder muçulmano) do Brooklyn acusado de homofobia.

Embora “The Taqwacores” seja agora estudado em cursos em diversas universidades americanas, levou algum tempo para que o livro fosse formalmente publicado. No início, Knight fez fotocópias dele na loja Kinko's local e as distribuiu pessoalmente nos estacionamentos das mesquitas.

Por fim, o livro foi vendido pelo correio por meio do Alternative Tentacles, um selo de discos da Califórnia, que vende sob o provocativo slogan: "Mantendo a pátria insegura desde 1979".

Eu descobri o livro um dia enquanto navegava na internet, encontrei um fragmento, e pedi uma cópia. Quando chegou... bem, eu nunca li nada parecido, antes ou desde então.


No início do ano passado, eu estava conversando em Londres com uma amiga que trabalha com edições e contei a ela sobre “The Taqwacores”.

"Mmm ... parece interessante," ela disse, e prometeu ler. A próxima coisa que eu ouvi foi que alguém de sua equipe tinha ido para os Estados Unidos, procurado Knight e assinado com ele os direitos de publicação para a Inglaterra.

Então agora está aqui. Estou um pouco apreensivo mas espero que as organizações muçulmanas inglesas sejam sensíveis e pensem duas vezes antes de protestar. Elas reclamam - corretamente – por serem estereotipadas pela mídia, e “The Taqwacores” é um poderoso antídoto para isso (o que é uma boa razão para que seja lido e circule o mais amplamente possível).

A leitura é fácil e engraçada mas, em outro nível e sem se alongar sobre o ponto, o livro é também profundamente desafiador. Ele aborda – de uma forma chocante mas essencialmente positiva – questões de identidade que são enfrentadas, em alguma medida, por todos os jovens muçulmanos que crescem no Ocidente.

É claro, haverá gente que insistirá que os personagens do livro não são “verdadeiros” muçulmanos. Estou adivinhando, mas acho que este é o ponto principal que Knight desejava levantar. Como você define um “verdadeiro” muçulmano? Em que bases? E alguém tem o direito de julgar?".


Fonte

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Killed By Death #1 - Rare Punk 1977-1982 (Redrum, 1989)


O Back From The Grave do Punk dos 70's e 80's


As bandas de garagem dos anos 60 ganharam postumamente uma legião de seguidores e fiéis dementes que sempre estão à procura de mais e mais obscuridades de 40 anos atrás. Na formação desse “público” pós-década de 60 para as bandas de garagem, compilações como Nuggets e Pebbles foram fundamentais, pois foram elas, seguidas de tantas outras, que criaram um espaço ou numa linguagem de mercado um nicho para esse fiel séquito de garage freaks.

As bandas punks dos anos 70 e 80 também possuem suas Pebbles ou Back From The Grave. Compilações como Killed By Death e Bloodstains Across... estão para o punk dos 70 e 80, assim como as já citadas Pebbles e BFTG estão para o punk dos 60. Elas resgatam uma porção de grupos obscuros que acabam sendo revitalizados para além de seus escassos e raros compactos.

E o que você encontra em Killed By Death # 1? Lixo jovem a granel para esses seus ouvidos sebosos que passam longas horas navegando na Web atrás de coisas absurdas para escutar.

Tudo começou em 1989, ano no qual foi lançado o primeiro volume da série, e continuou durante toda a década de 90, se estendendo até o número 22 de forma cronológica e depois com números fora da ordem como os volumes 007 (entendeu a piada?), 666, 999 e 1234. Diz à lenda que o responsável pelos primeiros volumes era um colecionador sueco que morava em Nova Iorque e que resolveu fazer uma compilação de sua bandas punks favoritas. Até o volume 3 a compilação é identificada com o selo Redrum, mas depois passa a ser prensada em outros lugares como a Austrália.

Nesse primeiro volume temos muito punk americano do início dos anos 80 como Hollywood Squares e Child Molestors de Los Angeles, grupos de outros locais como Wipers e Slugs e também punk britânico de 77 como The Users. Entre outros achados a compilação trouxe das trevas o ep Pollywog Steel, da fase hardcore dos conhecidos rappers Beastie Boys.

O universo Killed By Death é tão fascinante e viciante quanto o Pebbles ou outros do mundo garageiro e se você não quer se viciar em mais uma coisa não entre nessa. Mas se você é atrevido, venha e estrague sua cabecinha também com esse punk rock seboso.
Teen Trash
Tracklist

1. Mad-I Hate
2. MusicHollywood Squares-Hillside Strangler
3. Slugs-Problem Child
4. Vox Pop-Cab Driver
5. Controllers-(The Original) Neutron Bomb
6. Dogs-Slash Your Face
7. Gasoline-Killer Man
8. Kraut-Matinee
9. Child Molestors-(I'm the) Hillside Strangler
10. Cold Cock-I Wanna Be Rich
11. Authorities-Radiation Masturbation
12. Authorities-I Hate Cops
13. Nuns-Decadent Jew (live)
14. Users-Sick of You
15. Vicious Visions-I Beat You


Killed By Death #1 - Rare Punk 1977-1982 (Redrum, 1989)


*Nota: as faixas do Wipers, Beastie Boys e F.U. 2's não estão presente nesse volume, que acredito ser o cd e não o Lp original de 1989.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Soggy (Mémoire Neuve/Reims Punk'N'Roll, 2008)





As palavras que vieram a minha cabeça quando escutei Soggy pela primeiro vez foram: “Que porra é essa? Isso parece Stooges com Motorhead!”. O vocalista Beb é um show a parte, com seu corpo de Iggy Pop e cabelo de Rob Tyner do MC5. O restante da banda é composta por Eric Dars (guitarra), Olivier Hennegrave (bateria) e François Tailleur (baixo). O apocalipse estava formado.


Soggy surgiu em 1978 na comuna de Reims, situada à leste de Paris, na região de Champagne-Ardenne (um conhecido centro comercial) e é resultado do fim de outros grupos da localidade como Woman Bleed, Antechrist e Hardfuckers. No começo tiravam covers de Alice Cooper, MC5, Black Sabbath e Stooges, o que nos diz muito sobre o som do grupo. Quando começaram a compor material próprio, principalmente sobre a influência de Stooges, o caldeirão Soggy estava formado e fervendo! Eles se rotulavam ironicamente de Hard Wave, em decorrência dos diversos rótulos que os jornalistas lhe colocavam como Hard Rock e New Wave. O grupo contava com um bom aparato técnico para promover suas próprias turnês pela região de Champagne-Ardenne e chegaram a viajar para Paris e outros países como Bélgica , Alemanha, Suíça e Holanda. Vale ressaltar que tuso isso sem o apoio de nenhuma gravadora.


O ponto alto da banda foi o lançamento de um single autopromovido no ano de 1981 e a gravação ao vivo de Wating for the War para o canal de Tv FR3 Reims. O single lançado de maneira do it yourself, contava com as canções Waiting for the War e 47 Chromosomes e trazia Beb fazendo pose de fisiculturista na capa. A banda recusou diversos contratos com grandes gravadoras, pois queriam que eles cantasem em francês, o que foi rebatido diverssas vezes pela banda. Depois de uma série de shows e de uma suposta abertura da turnê européia de 1982 do Judas Prist o grupo se dissolveu.

O único lançamento oficial do Soggy até hoje era o single já citado, porém em 2008 os selos franceses Mémoire Neuve e Reims Punk'N'Roll, lançaram um vinil, limitado em 500 cópias, que contém as gravações do Soggy do período de 1978-1982, resgatando da obscuridade essa pérola valiosa. Uma aula imperdível de Raw Power, de rock bruto feito de suor e sangue! Com 11 faixas o disco é uma primazia de originalidade e misturas até então impensadas, com momentos de punk alá Stooges com a energia dos motores MC5 e uma pegada mais heavy metal. Um disco que com certeza vai agradar os aficionados por garage, punk e heavy metal.

Longa vida ao Raw Power!
Teen Trash

Soggy (Mémoire Neuve/Reims Punk'N'Roll, 2008)


tracklist

Lado A
1. 47 chromosomes
2. Lay down a lot
3. I feel top of the world
4. Cellulitis is the top of the shapeless body
5. Down the shops
6. I wanna be your dog

Lado B
1. Waiting for the war
2. Cursed boy
3. Slider
4. Let's go together
5. Lost my brain




sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Agenda



Agulha Sounds Apresenta
Motel 90 - 8º Edição


Cigarros Temperados
Kohbaia
Joseph K?
Jabá Show
Dj's, vídeos, Strippers

data: 24/01
hora: 22 hs
entrada: 6,00
local: Motel 90, Av. Tristão Gonsalves 90
info: 88887699





A Volta Dos Mortos Vivos

Scatologic Madness Possession
Feculent Goretomb
Facada
Vingança
(Lixorgânico)

data: 31/01/2009

hora: 22hs
Local:Clube Santa Cruz
Rua Padre Mororó ,710 - Centro - Fortaleza/Ce (próximo ao cemitério S. J. Batista)
Entrada:R$7,00 (R$10,00 / casal)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Os "Piratas" da Resistência




Os "Piratas" da Resistência
por JM e SV

Embora ainda considerados pela história oficial criminosos comuns, os Piratas Edelweiss escreveram um capítulo na história da resistência ao nazismo. Jovens e avessos ao regime, eles sonhavam, entre outros, com o longínquo Rio de Janeiro.

A origem do nome não é certa. O que se sabe é que o movimento juvenil conhecido como Os Piratas Edelweiss (Edelweiss Piraten) não teve final feliz. Em novembro de 1944, a Gestapo enforcou 13 adolescentes nas dependências de uma residência em Colônia. Os adeptos daquilo que simbolizava uma alternativa à Juventude de Hitler (Hitler Jugend), sabotadores do regime nazista, arriscaram não apenas serem detidos e torturados, mas suas próprias vidas.

Hoje, 60 anos depois, a história oficial ainda registra os jovens Piratas Edelweiss como meros ladrões e criminosos. Seus atos de resistência, embora ignorados pelas autoridades na Alemanha, já obtiveram o reconhecimento até mesmo do Estado de Israel. Em 1984, o Memorial Yad Vashem prestou uma homenagem a Jean Jülich, um dos sobreviventes do grupo.


Recuperando Registros da Memória

Enquanto as autoridades em Colônia debatem sobre a possibilidade de reescrever a história da resistência feita pelos Piratas Edelweiss, Jülich já publicou suas memórias há cerca de um ano, sobre as quais se produziu um documentário –...Piratas Edelweiss, eles são fiéis. Além disso, no CD Foi em Xangai bandas de Colônia interpretam canções dos Piratas. Um DVD e um livro sobre o assunto completam o projeto. Todas as obras são fruto de um trabalho árduo, uma vez que todo o material foi recolhido através da lembrança dos sobreviventes.

Estima-se que havia, nos anos que antecederam o fim da Segunda Guerra Mundial, cerca de três mil Piratas Edelweiss vivendo em Colônia e mais centenas de outros nas cidades vizinhas. Estes jovens não estavam aliados a nenhuma facção política ou organização religiosa, nem tampouco o movimento possuía uma estrutura organizada.

O que tinham em comum era não se identificarem com a ideologia propagada pela Juventude de Hitler, após a ascensão dos nazistas nos anos 30. Eram, em princípio, um grupo de adolescentes rebeldes como outro qualquer. A diferença é que viviam sob um sistema extremamente autoritário, sendo que muitos deles acabaram pagando o preço disso com suas próprias vidas.


Subcultura Própria

Nicola Wenge, historiadora do Centro de Documentação sobre o Nazismo em Colônia (cuja sede fica em um dos antigos quartéis da Gestapo), "os Piratas Edelweiss criaram sua própria subcultura nas regiões do Reno e do Ruhr, ao usar determinado estilo de roupas, cantar suas baladas românticas e, mais tarde, canções antinazistas".

Ao contrário do que determinavam as normas do regime, o movimento permitia a interação entre garotos e garotas, que viajavam juntos pela região, levando com freqüência um violão e uma gaita. "Por esta razão, eram perseguidos pela Juventude de Hitler, pela polícia e pela Gestapo. E até mesmo pela Justiça, que os tratava como criminosos e delinqüentes sexuais", conta Wenge.






Sabotagem e Riscos

Quando os aliados bombardearam Colônia e a ordem pública foi se desestabilizando aos poucos, os Piratas Edelweiss começaram a sabotar fábricas de munição e a colocar, por exemplo, água com açúcar nos tanques de gasolina de carros pertencentes aos nazistas. Além disso, distribuíam folhetos de propaganda contra o regime. Em 1944, porém, vários adeptos do movimento foram presos. Jülich, que na época tinha apenas 15 anos, passou quatro meses preso em uma cela em Colônia, tendo sido interrogado e torturado pela Gestapo. Outros 13 companheiros dele foram enforcados, o mais jovem deles tinha apenas 16 anos.


Culpa Coletiva e Exceções

Para a historiadora Wenge, os Piratas Edelweiss deveriam ser reconhecidos oficialmente como vítimas do nazismo, embora ela alerte para uma certa cautela no uso do termo resistência neste contexto. "Eu descreveria o movimento como uma conduta de oposição", opina Wenge, lembrando porém que distribuir panfletos, disseminar slogans contra o regime nos muros da cidade ou remover bandeiras nazistas eram ações que exigiam uma boa dose de coragem.

O reconhecimento do que foi feito pelos Piratas Edelweiss toca mais uma vez em um tema sensível na Alemanha: a culpa coletiva pelos horrores cometidos durante o holocausto da Segunda Guerra. Enquanto muitos defendem a idéia de que é preciso reaver a memória sobre o que foi um movimento de resistência ao nazismo, outros aconselham cautela em relação à tendência de supervalorizar comportamentos que foram uma exceção, se comparados ao da maioria da população na época.


Rumo ao "Rio de Schaniro"?

O desejo de abandonar a Alemanha nazista foi certamente um dos elementos que acompanharam estes adolescentes durante o período. No porão da casa onde estiveram presos os Piratas Edelweiss, pode-se ler a inscrição Rio de Schaniro encravada na parede. "Supõe-se que se trata de uma referência a Quando as Sirenes Ressoam, uma das várias canções que falam de lugares longínquos", diz Jan Krauthäuser, um dos responsáveis pelo projeto de produção do CD Foi em Xangai.

"Esta postura não é atípica na história da cultura alemã e durante a repressão, através da ditadura nazista, foi ainda mais alimentada. Sabemos de várias vítimas do nazismo, que durante ou depois da guerra procuraram outros lugares para viver. Mas se, concretamente neste caso, há ex-Piratas Edelweiss que chegaram a ir para o Rio ou para outros lugares do Brasil não sabemos. Para nós, seria muito interessante entrar em contato com possíveis Piratas Edelweiss brasileiros, se é que eles existem", completa Krauthäuser.


Soggy - Wating For The War (1981)


Gravação nos estúdios FR3 na França em 1981

Em breve disco para download aqui no blog.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Lixo Jovem Podcast # 1






LIXO JOVEM PODCAST - GARAGEM BRASILEIRA (Parte 1) - SUDESTE: SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO e MINAS GERAIS

TEEN TRASH PODCAST - BRAZILIAN 60'S GARAGE AND PUNK BEAT (Part 1): SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO e MINAS GERAIS
Abertura


EMBARQUE NUMA VIAGEM SEM VOLTA RUMO A GARAGEM BRASILEIRA DOS ANOS 60, PASSANDO PELO SUDESTE, SUL, NORDESTE E CENTRO-OESTE DO PAÍS. COM A PARTICIPAÇÃO DOS MAIS DESTEMIDOS, ATREVIDOS, OBSCUROS E RADICAIS GRUPOS BRASILEIROS. ARROGÂNCIA ADOLESCENTE E LIXO JOVEM DO MELHOR CALIBRE PARA OS CORAÇÕES DE PEDRA!!!

PODE VIR QUENTE QUE EU ESTOU FERVENDO!

FUZZ RAW BEAT GARAGE PUNK JOVEM GUARDA LINHA-DURA WILD CRUDE GROOVES!!!



1º Bloco: Garagem Paulista
Locução (música de fundo: The Gruesomes - Cave In!)

Beatniks - Alligator Hat
Os Baobás- Down Down
The Galaxies- Hey
Os Megatons- Só Penso em Meu Bem
Beat Boys - Wake me, Shake me


2º Bloco : Garagem Carioca
Locução (Música de fundo: Os Incríveis - Don Pepe Legal)

Analfabitles - Shake
The Brazilian Bitles - É Onda
Os Jovens - Coração de Pedra
Os Canibais - Quase Fico Nú (Everything You Do)
The Out Casts - Weird Ties Wide Belts And...


3º Bloco Minas Gerais
Locução (Música de fundo: Brasa Seis - Como é Que é?)

The Black Boys - Satisfaction
Os Tremendões - Vem Quente que Eu Estou Fervendo
The Jungle Cats - Vai
Analfabitles - When Summer Is Gone
Os Apaches - 11º Mandamento

Encerramento
Locução (King Dave & The Rebels: King Creole)
Bônus: FuzzFaces - Só Neste Caixão



Lixo Jovem Podcast # 1

História do Northern Soul




Você mora numa cidade perdida em algum lugar do norte da Inglaterra. Centenas de fábricas ocupam o horizonte com chaminés, poluindo o céu com um vômito de fumaça cinzenta e escura. Durante a semana, em uma dessas fábricas, você trabalha numa escravidão das nove às cinco: manejando na linha de produção, varrendo o curral, removendo merda. O trabalho é ingrato, mas ele te paga o suficiente para você viver. Mais importante, ele te paga o suficiente para você sair e dançar. Porque embora a fábrica talvez seja seu trabalho, isso certamente não é a sua vida. Todos os finais de semana, você viaja para outras cidades perdidas do norte, se veste legal, se entope de drogas e dança pra valer músicas obscuras de soul music, sonhando o tempo todo com cantores de impossíveis lugares glamourosos como Detroit, Chicago e Philadelphia. Sua vestimenta é fora de moda, mas bastante prática. Das suas polos brancas da Fred Perry descendo para seus sapatos de sola de couro Ravel, tudo que você veste é para conforto e agilidade. As drogas que você toma também são práticas: um exército de anfetaminas, engolidas para o único propósito de deixar você na pista de dança até o amanhecer. Você dança discos de artistas desconhecidos, de gravadoras que ninguém conhece, cantando canções que pouquíssimas pessoas escutaram até hoje. Porém são esses discos que são seus únicos tesouros, os únicos que você gasta dezenas de pounds - as vezes até milhares - do seu magro salário para adquiri-los. Seus amigos, ainda no rock progressivo ou então descobrindo os moldes pop-glitter do glam rock e Bowie, riem de você. Eles não entendem o mundo secreto que você habita. Eles não entendem as roupas, a música e os rituais da sua existência underground. Na sua cabeça, você faz parte de um grupo fechado, você pertence a um dos mais puros e descontaminados movimentos musicais de todos os tempos. Você é um “Northern Soul boy”.

A Primeira Cultura Rave

Exatos quinze anos antes da cultura rave chamar atenção para sua existência, Northern Soul apareceu com quase um plano total. Aqui havia uma cena onde garotos da classe trabalhadora saiam juntos em grande número, vindos de vários lugares e distâncias, para lugares obscuros, para tomar drogas e dançar músicas que ninguém mais se importava. Foi uma cena em que união era tudo. Foi bastante ignorada ou tratada sem respeito pelos sofisticados jornalistas musicais ou pelos clubs de Londres, permitindo que ela se desenvolvesse vastamente, sem perturbação ou observação. E, como no movimento rave (em que a “essência do movimento” divergiu do lado mais mainstream da cena na tentativa de preservar o espírito original da música), Northern Soul acabou num dramático final, assim como os DJs progresivos encontraram sua política/mente musical mais aberta, com forte oposição dos tradicionalistas, a “essência do movimento”. Northern Soul tem sido amplamente descrito como um não-influente movimento musical, mas de fato ele foi um passo muito importante para a criação da atual cultura club e também para a evolução dos DJs. Muitos dos primeiros discos que atingiram as paradas na Inglaterra decorrentes dos clubs vieram dos clubs de Northern Soul. E foram os DJs de Northern Soul que introduziram muitas das inovadoras artes ‘estilosas’ de discotecar e certamente não foi coincidência que o primeiro DJ com aptidão suficiente para tocar House veio de um passado Northern Soul. De fato, até a Disco-Music emergir em New York, graças ao Northern Soul e clubs como Catacombs e Twisted Wheel, a cultura britânica de DJ estava muito mais avançada do que na América. O que o Northern Soul trouxe ao DJ foi obsessão. Pois isso cravou uma incrível recompensa na cultura da raridade musical, fez dele um obsessivo e compulsivo colecionador de vinil. Isso ensinou à ele o valor de discotecar discos que ninguém tinha, de gastar meses, anos e milhares de pounds na procura daquela canção inédita que poderia trazer o público, a audiência sob seu domínio. Mandou o DJ atravessar oceanos para caçar em empoeirados e miúdos armazéns de discos por clássicos desconhecidos, que sua concorrência não tinha e não poderia tocar. Northern Soul mostrou ao DJ como transformar o vinil em pó de ouro.

Um Gênero Construído do Fracasso

Falando de um modo geral, Northern Soul foi a música feita por milhares de cantores e bandas que copiavam o som de Detroit da Motown nos anos 60. A maioria deles foi um tremendo fiasco em sua época e cidade - foi a música de artistas sem sucesso, de miúdas gravadoras e pequenas cidades, todas perdidas na vasta expansão da industria do entretenimento nos EUA - mas no norte a Inglaterra do final dos anos 60 até o auge no meio dos anos 70, isso era apreciado e exaltado. Northern Soul foi rotulado assim por causa do lugar onde ela era tocada e curtida, e não onde foi criada. A palavra “northern” dentro do Northern Soul refere não à Detroit, mas Wigam. Não à Chicago, mas Manchester, Blackpool e Cleethorpes. Fundar um gênero em volta do amor à uma música que o resto do mundo tinha esquecido era mais ou menos como se encontrar com uma porção de amigos e falar Latim, mas nos clubs baseados no parque industrial do norte britânico, era exatamente isso que acontecia. Isso poderia ter sido por que seus hábitos de tomar drogas demandavam um certo estilo de música, por causa desse rápido e libertador estilo - originado de Detroit, a cidade “motor” - de certo modo gerou essa existência mecanizada. Também poderia ter sido simplesmente por que eles eram resistentes em ver seu estilo de música preferido morrer do nada e ver que o resto do mundo estava cansado disso. Seja lá qual for a razão, esses jovens da classe trabalhadora (quase todos brancos), do norte inglês começaram a celebrar uma série de discos que foram completos fracassos dentro do seu contexto original. O culto por algumas músicas tornou a cena de clubs underground bastante próspera. Por muitos anos, por ser tão independente, a cena também era muito pura. Northern Soul era inteiramente uma cena de clubs, por isso não precisava ser aprovada pelas paradas, não precisava dos hits universais. E porque era um movimento retrô, não tinha a necessidade de ter novas bandas, jovens novas estrelas. Na verdade, pelo fato dos discos terem sidos feitos e lançados anos atrás, não precisava absolutamente de nada da indústria da música. O que era preciso, entretanto, era um exército de dedicados e inteligentes colecionadores determinados a descobrir discos suficientes para dar continuidade à cena. Sem novos discos sendo descobertos e tocados, isso poderia rapidamente resultar em nada mais do que uma sociedade de apreciadores das mesmas velharias de sempre. Com sorte, haviam muitos incentivos para viagens de descobertas de novos discos. Northern Soul tinha um apelo particular para colecionadores, já que era uma cena construída quase que inteiramente por raridades. Um disco não poderia ser somente bom, tinha que ser raro também. Se uma faixa soasse como se ela tivesse sido gravada em algum lugar de Detroit, era muito melhor (embora algumas músicas fossem realmente gravadas em um lugar de Detroit). Acima de tudo, havia um fato atrativo que uma coleção de discos de Northern Soul era - na teoria, pelo menos - ‘completável’: afinal já que apenas discos feitos com um certo estilo em uma certa época em um certo lugar eram aceitos, havia um estritamente finito número de bons discos a serem descobertos e possuídos. Trabalhe obsessivamente e você poderia um dia ter um set absolutamente completo de uma discotecagem Northern Soul. Ainda, dado esse fetiche por vinil, o prestigio que existia ao encontrar novos discos era enorme. Nesse mundo fechado, o homem que descobriu uma música como “There`s a Ghost In My House” de R. Dean Taylor ou “Tainted Love” da Gloria Jones poderia se banhar de admiração dos outros e ser bastante adorado pelo público. Um DJ com uma música exclusiva poderia ver seu público aumentar rapidamente e seu status se elevar. O valor dos discos subia por conseqüência. “Quando você encontra um disco desconhecido, é como ver um bebê nascer”, reflete Ian Dewhirst, um importante DJ de Northern Soul. “Você ouve ela em casa e se maravilha que essa faixa funcionará. E logo você vê sua visão confirmada. Imediatamente a música se torna “quente”. Ver um disco desconhecido ir do valor zero a ser bastante valorizado, era quase que uma carta na manga”. Nos clubs, os jovens dançavam e se guiavam dentro de uma grande excitação e êxtase com os últimos tesouros da América. Pôsteres para o público indicavam não apenas o DJ que estava lá, mas também os discos raros que ele poderia tocar. Dado essa atração doentia sem precedentes por discos, a caça pelos sons mais raros foi comicamente uma longa tortura. Apesar da recompensa financeira ser desproporcional, não havia carência de corajosos exploradores com uma passagem na mão para o ‘novo mundo’, confiantes de que eles poderiam retornar, não com uma caixa de empoeirados e esquecidos singles 7” polegadas, mas com uma caixa cheia de jóias e pérolas.`

The Twisted Wheel e as Raízes do Northern Soul

Quando Eddie Holland, Lamont Dozier e Brian Holland ouviram o novo hit dos The Four Tops em 1965 pela Motown chamado “I Can`t Help Myself” (o primeiro havia sido “Ask The Lonely”, do ano anterior), perceberam que ele poderia ser bastante influente para uma estranha turma de DJs obcecados por soul-music no norte da Inglaterra. Da abertura com salva de bateria, baixo e piano até os grandiosos arranjos de cordas, e ressonantes e rítmicos vibrafones que serviam de base para a voz de Levi Stubbs, isso rendeu um padrão, uma forma para o Northern Soul. “I Can`t Help Myself” tinha exatamente o tipo de sonoridade que eles queriam no Twisted Wheel. Neste club simples com clima de porão, perto do centro de Manchester, por volta de 600 garotos se espremiam todos os sábados à noite e dançavam os sons mais raros do país. Dançavam até 7h30 da manhã de domingo. O Twisted Wheel abriu em novembro de 1963, localizada em 26 Brasenose Street, como um lugar que varava a madrugada, tocando um mix de blues, early-soul, bluebeat e jazz (no dia 18 de setembro de 1965 ele se mudou para uma segunda localidade, em 6 Whitworth Street). A novidade das festas que varavam a madrugada rolou por um tempo e foi sem dúvida o primeiro a alimentar esses garotos. Mas em dois anos, como o costume nos clubes mudou significantemente, o Wheel poderia se tornar um raro oásis para tal música. Em Londres e no sul, o rock underground começou a dominar. Mas nos clubs do norte, essa tendência não virou moda, não pegou. Talvez por causa que o norte, predominado pela firme classe trabalhadora, se prendeu numa tendência de sessões de soul que se estendia madrugada adentro. Talvez isso rolava simplesmente porque a cultura pop se espalhava mais devagar do que agora. As comunicações entre Londres e o resto do país eram certamente mais limitadas e as únicas revistas relevantes de música se especializaram em rock e pop. Então os “wheelites” (freqüentadores do Twisted Wheel), cheios de felicidades, não estavam cientes de que estavam se tornando um anacronismo, continuando a dançar os contagiantes discos de soul que eles tanto amavam. Havia uma boa razão para o clima rápida das músicas tocadas no Wheel. Sua clientela era presa à velocidade. Eles consumiam pastilhas inteiras de comprimidos de tarja preta, como os prellies e dexys (drinamyl, preludine e dexedrine), tanto comprados dos traficantes dentro do club ou roubados das farmácias. Não era raro freqüentadores que estavam indo para o club pararem no meio do caminho para entrar numa farmácia e roubar essas drogas, e assim conseguir seus sustento para mais uma noitada. “Esses caras ‘bad boys’ tinham que patrulhar de vários jeitos em Wigan,” lembra Ian Dewhirst, “e olhar para as lojas farmacêuticas que não tinham uma boa segurança. E não importava por onde eles entravam, você poderia quase apostar sua vida que alguma farmácia seria assaltada.” Abastecidos por essas anfetaminas, eles dançavam de várias maneiras um específico tipo de música. O tempo rítmico era tudo. Para rolar isso no Wheel, uma música tinha que ser energética o suficiente para deixar agitado os “speed-freak-dancers” - impulsionada por uma urgente e pesada batida Motown, com trompetes e instrumentos de cordas e com um melodramático vocal negro. Essa música não era funkeada, mas era rápida. As letras não falavam de sexo, mas sim sobre amor; melodias sentimentais que provia a trilha sonora da libertação da mente dos trabalhos monótonos das fábricas. “O Twisted Wheel era um lugar incomum, pequeno, com cinco ambientes e pisos de pedra”, lembra Dave Evison, que mais tarde discotecou no Casino, em Wigan. “Bicicletas estacionadas em todos os lugares que você olhava. Levei quatro semanas pra descobrir onde o DJ ficava: ele ficava escondido atrás de uma pilastra velha de metal! Como parte da dança, os garotos costumavam correr e dar pulos, e ver quão alto eles conseguiam pular. Foi uma coisa jovem, ansiosa. Havia um respeito pelos disc jockeys; havia um respeito pelo que ele tocava. Foi uma boa cena”. O que era extraordinário era a mobilidade dos ‘clubbers’ que começaram a ir lá. Aficionados por soul viajavam vários quilômetros para chegar no Twisted Wheel. Se você achava que ninguém tinha sido capaz de deixar sua cidade e ir dançar em outra cidade até a época das raves, pense novamente: esses garotos estavam fazendo isso não em 1989, mas em 1969. “Uma das partes da diversão era de fato viajar até lá”, relembra Carl Woodroffe, que como Farmer Carl Dene iria se tornar um dos DJs pioneiros da cena. “E as rodovias não existiam como elas são agora. A M6, por exemplo, não iniciava até que você fosse no norte de Cannock para ir para Manchester”. Cobertos por roupas normais, ‘wheelites’ como Dene faziam uma jornada até Manchester antes de se ‘transformar’ com ternos bem passados, camisas justas e gravatinhas estreitas. Este estilo, que predominava no Wheel, veio para esses clubbers oriundo dos mods do começo dos anos 60. E, sem dizer respeito ao calor do club, esse era o jeito que você tinha que ficar até voltar pra casa. “Você ficava encharcado de suor, mas tinha que ficar com o terno até sair do club” ri Dene. “Mas com o terno sempre era uma boa forma de você chegar nas garotas. Era ótimo aquilo”. O primeiro Twisted Wheel na Brasenose Street foi onde originou a sonoridade do Northern Soul. O DJ residente Roger Eagle tinha um gosto eclético pela black-music, tocando o blues do Little Walter, o jazz moderno e pesado do Art Blakey, mixando isso com Solomon Burke e o som da Motown do começo. Embora importações fossem escassas no começo dos anos 60 na Inglaterra, ele foi fazendo dinheiro importando discos em xadrez da América, e tocando esses discos desde o começo do Wheel. Entretanto, Eagle viu os ‘speed-dancers’ ditar cada vez mais o clima de seu set. Eventualmente ele ficava frustrado com a cena de anfetaminas que rolava no Wheel, forçando seu eclético playlist em direção a um único e forte clima e tempo rítmico. “Eu comecei o northern soul, mas de fato achei a música muito limitada”, ele conta, “porque nos primeiros dias eu tocava uma música da Charlie Mingus, depois mandava um hit, seguido por uma canção do Booker T., depois uma do Muddy Waters ou do Bo Diddley. Gradualmente, havia essa adoração por uma espécie de som. Quando comecei a discotecar, podia tocar o que queria. Mas depois de três ano, tinha que me limitar a um único tempo rítmico, o que é o que o northern soul é”. Claramente, na época que o Wheel se mudou para a Whitworth Street, essa música tinha se encolhido consideravelmente. Os últimos DJs residentes - Phil Saxe, Les Cokell, Rob Bellars, Brian Phillips e Paul Davies - se concentraram em ritmos mais agitados e rápidos. Naquele tempo, o Wheel era o lugar para se tocar. “Oh, era um lance meio cult no Wheel se você discotecasse lá”, conta Bellars, rindo. “Haviam pessoas implorando para fazer isso!” Embora havia uma considerável variação de estilos e rítmos, os DJs tocavam um soul muito restrito e limitado. “Nós estávamos tocando algo a mais do que era chamado de rhythm and blues, mas depois tocávamos novos lançamentos como Incredibles, Sandy Sheldon e todos os bons discos do EUA. Discotecávamos coisas importadas como “Agent Double-O Soul”, do Edwin Starr. Tocávamos coisas do Revilot e Ric-Tic. Tudo na OKeh veio do Wheel. Eles não eram necessariamente freneticamente rápidos, mas foram os precursores do que ficou conhecido como Northern Soul”. Bellars está preparado para desmentir os falsos boatos que foram espalhados sobre a música do club. “As pessoas diziam que o Wheel só tocava lançamentos britânicos”, ele diz, “mas isso era besteira”. Na verdade, ele e seus amigos caçavam por discos em todos os lugares: da influente loja Corner em Londres, de alguns lugares de Midlands e de lojas americanas, como a Randy, no Tennessee.


Quanto Mais Obscuro Melhor

A razão pela qual os DJs de northern soul eram forçados a ficar ligados nas raridades era simples: no começo dos anos 70, os EUA tinham parado de produzir os discos adequados. A música negra americana mudou do veloz soul-pop da Motown, e seus produtores - ao lado da imensa influencia de James Brown e Sly & The Family Stone - começaram a experimentar outros tipos de ritmos e sonoridade. O soul se tornou funk, e o acento foi para ritmos pesados, ao invés da saudosa melodia. Em Manchester, isso não aconteceu muito. Claro, ainda era uma black music bacana, mas muito funkeada e muito devagar para um público com a mente cheia de pílulas e anfetaminas. Eles precisavam de uma coisa com um pouco mais de urgência do que “say it loud, i`m black and i`m proud” (“diga bem alto, sou negro e com orgulho”). Então os DJs começaram a caçar profundamente e ir atrás de discos antigos que tinham o ritmo requisitado e o charme dos instrumentos de corda. Ian Levine, que mais tarde se tornou o disc jockey mais influente do Northern Soul, visitou pela primeira vez o Wheel no final de seu período de oito anos de existência. Ele recorda a mudança como a procura por obscuras velharias começou. “As pessoas estavam cansadas das mesmas músicas velhas - como “You`re Ready Now” de Frankie Valli e “Six By Six” de Earl Van Dyke - que tinham sido tocadas por anos no Wheel. Havia um público, uma audiência faminta nas noites, loucas de pílulas e anfetaminas, que queriam dançar aquele estilo dos discos da Motown”, diz Lavine. “Rob Bellars descobriu que se descobríssemos esses discos difíceis de achar, a cena sobreviveria”. Essa caça desvendaria um vasto universo de discos de soul negro (e, eventualmente, alguns execráveis brancos, também), até então desconhecidos. Ligeiros o suficiente para a diversão da juventude de ficar louco de pílula, e alguma vezes legais o suficiente para se destacarem e virarem hits pop. E conforme eles iam penando nas procuras pelo tipo certo de disco para suas pistas de dança, esses DJs estavam também aprendendo a trabalhar com o público - representando um tipo de sofisticação ao que emergiria em New York anos mais tarde. Não havia falas entre as músicas, apenas uma seqüência pura de soul com picos para deixar os “speed-freak-dancers” felizes. “Muitos DJs tocavam músicas numa certa ordem, por causa do jeito que as pessoas dançavam” lembra Bellars, descrevendo como ele tocava uma seqüência de três músicas do Bobby Freeman, “The Duck”, "C`mon And Swin” e “The Swim”, nessa ordem, porque elas construíam um tempo rítmico. “Você construía isso gradualmente, e em seguida tocava cinco músicas rápidas na seqüência. Depois você desacelerava um pouco, senão a coisa ficava maníaca”. Os visitantes do Wheel ficavam impressionados com o que viam. “A dança é sem dúvida a mais legal que eu já vi fora dos EUA”, escreveu Dave Godin, um colunista de black-music no Blues & Soul e o homem que começou a operação Tamla Motown na Inglaterra. Todo mundo lá era um experto nas ‘palminhas soul’. Nos lugares certos, e com uma selecionada e penetrante qualidade que adicionava algo a mais na apreciação da soul-music. Não havia uma influência oculta de tensão e agressão, como às vezes encontrávamos nos clubs de Londres, mas sim um benevolente e bondoso espírito de amizade e camaradagem. Notando a força da cena do soul no norte, Godin, que morava em Londres, foi a pessoa que criou o rótulo “Northern Soul”. Em 1970, inspirado pela sua primeira visita ao Twisted Wheel, Godin empregou o termo “Northern Soul” (soul do norte) em sua coluna no Blues & Soul. Godin abriu uma loja de discos chamada Soul City em Londres, na Monmouth Street, no bairro de Soho. Ele primeiro percebeu as diferenças de gosto entre o norte e o sul quando o pessoal do norte, vindo de viajens de jogos de futebol, procuravam por um som específico. “O que eu notei foi que as pessoas que vinham do norte não estavam comprando o que subseqüentemente foi chamado de funk”, diz Godin. “Aí eu comecei a usar o termo ‘northern soul’, que era pra quando tivessemos a loja cheia de sujeitos do norte, tocaríamos só northern soul para eles. Foi assim que o termo pegou”. O Twisted Wheel de Manchester concedeu muito da parte essencial do que ainda viria. Ajudou a inspirar o nome da cena, começou com a caça obsessiva dos DJs por discos raros e desconhecidos, deu a ele um mar de contatos de devotados (e musicalmente entendidos) ‘clubbers’, e lançou o começo de uma intensa afeição entre a jovem (e branca) classe trabalhadora do norte e a black-soul-music americana. E também se consolidou como o principal club da Inglaterra. No mesmo período, New York tinha os clubs mais luxuosos, a clientela mais bonita e um sistema de som que dava vergonha se comparado com o do Twisted Wheel. Mas isso não era importante. Culturalmente e musicalmente, o que estava rolando no norte da Inglaterra era anos luz a frente do que em qualquer outro lugar. Inspirados pelo Wheel, uma porção de clubs apareceram, enriquecendo ainda mais o contato entre DJs, fãs e colecionadores. Leicester tinha o Oodly Boodly (depois o Noght Owl), havia o Mojo em Sheffield (onde o DJ era o jovem Peter Springfellow), o Dungeon em Nottingham, o Lantern em Market Harborough e o Blue Orchid em Derby. Em Birminghan, tinha o Whiskey-A-Go-Go, que varava a madrugada e era informalmente conhecido como Laura Dixon Dance Studios. Entretanto, nenhum desses foi tão influente como o Twisted Wheel. Foi aqui que, em um porão em Manchester, uma geração de colecionadores, ‘clubbers’ e DJs se apaixonavam pela soul music. Fatalmente, a reputação do Wheel como paraíso de drogas extrapolou, culminando com o seu fechamento pela polícia de Manchester no começo de 1971. Ele só poderia ser reaberto se houvesse uma cooperação com a polícia, para que os tiras ficassem dentro do club durante toda a madrugada. Houve cenas emocionantes na última noite. “Sabíamos que ia fechar”, diz Rob Bellars, “e as pessoas choravam”. Vendo o legado do Twisted Wheel em junho de 1974, um ‘soul-boy’ disse para a Black Music: “algo mudou quando o Wheel fechou. Você sabe, nunca mais haveria essa mesma cena musical “tudo-pela-boa-música”.


O Catacombs e Farmer Carl

Um club inextricavelmente linkado com o Twisted Wheel era o Catacombs em Temple Street, Wolverhampton. Apesar do seu horário de fechamento cedo (fechava à meia-noite) ter limitado uma influência direta, foi aqui que muito do menu iniciante do Northern Soul foi traçado. Seu DJ, Farmer Carl Dene, fez mais do que talvez qualquer outro em construir sólidas fundações para o Northern Soul. Ele foi provavelmente o primeiro DJ na cena a se empenhar em descobrir discos raros, e um dos primeiros em sacar que ter mais raridades do que sua concorrência poderia ser de fato uma parte criativa da discotecagem. E por introduzir e emprestar discos aos DJs no segundo Twisted Wheel, ele foi responsável pela explosão de muitos hinos no começo do Northern Soul. Farmer Carl Dene (“farmer” veio de um chapéu que ele vestia; Dene ele achou um belo nome artístico), nasceu como Carl Woodrofle. Ele descobriu a soul music como primeiramente um freqüentador do Whiskey-A-Go-Go em sua cidade natal Birmingham. Depois no Mojo, em Sheffield, e no próprio Twisted Wheel. “Acho que foi por causa que você não podia ouvir isso em lugar nenhum”, ele diz, “Era único. Você não ouvia nas rádios. Você não ouvia isso em um club normal. Você tinha que ir e escolher um lugar; e havia apenas alguns desses lugares”. Um colecionador fervido, ele começou a discotecar no La Metro em Birmingham, depois no Chateau Impney em Droitwich e depois, no mais conhecido, Catacombs. Farmer Carl não apenas tinha bons discos, como raros também. Discos que ninguém tinha. Ao invés de tocar a versão mais famosa de uma música, ele ia atrás da cover mais crua, menos familiar e fazia dela famosa. Um exemplo é a fantástica “I`m Not Going To Work Today”, pelo Boot Hog Pefferley And The Loafers. Essa faixa tinha sido um hit não muito importante da Clyde McPhatter, mas Carl preferia a versão mais obscura. Ele comprou sua cópia no Roger Eagle. “Aquilo realmente me impressionou”, ele lembra. “Então eu comprei por 110 pounds, o que é uma puta grana!” “Ele foi o único que descobria discos que eram tocados no Wheel”, diz Ian Lavine, o único dos DJs que vê Farmer Carl como um mentor da cena. “Ele achou o álbum do Richard Temple chamado “That Beating Rhythm” pelo selo Mirwood Records. Ninguém acreditava que isso existia. Você tinha que ir ao Catacombs para ouvir”. Dene também introduziu o Sharpee com “Tired Of Being Lonely”, Gene Chandler And Bárbara Acklin’s com “From The Teacher To The Preacher” e o clássico northern soul Doris Troy com “I’ll Do Anything” (Troy depois fez os backing vocals para “Dark Side Of The Moon” do Pink Floyd). “Farmer Carl era o único que eles ‘endeusavam’”, declara Levine. Haviam outros DJs influentes, incluindo um renomado colecionador de Gloucester, conhecido como Docker. Ele fazia a alegria dos fãs de soul no Wheel, por carregar uma maleta de discos com tranca. Uma das gemas dentro dessa mala super segura era a única cópia no país do Leon Haywood de “Baby Reconsider”, agora respeitado como um clássico do Wheel. Embora a cena ainda estivesse em seus anos de formação, ela já tinha uma influência na ampla indústria da música - foi esse embrionário movimento do norte que semeou os primeiros “chart-hits” que vieram dos clubs ao invés das rádios. Quando a música “Just A Little Misunderstanding” de Contours 45 (originalmente gravada em 1965 e re-escrita por Stevie Wonder), alcançou as paradas de sucesso em janeiro de 1970, isso proclamou uma nova era na dance music na Inglaterra. Tami Lynn com “I’m Gonna Run From You”, do selo Polydor de John Abbey, distribuído pela Mojo Records, que alcançou a quarta posição nas paradas em maio de 1971, breve se sucedeu. Abbey, como o fundador e dono do Blues & Soul, estava em posição privilegiada em ver possibilidades para essa música. A confirmação desse novo fenômeno veio quando a música “Hey Girl Don’t Bother Me” de Tam, uma canção que Farmer Carl Dene fazia breaks no instrumental dela, chegou a n. 1 em Julho de 1971 na Inglaterra. “Todo mundo, particulamente as garotas, ficou louco com isso”, ele diz. “A companhia re-editou a música e Peter Powell, que era da Stourbridge, perto do Chateau em Droitwich, ouviu e a trouxe para a rádio. Ele se ligou no clamor da música”.





Outras fontes de Informação sobre o assunto:www.northern-soul.comwww.6ts.info/www.northernsoul.co.uk/ns/
*Este texto foi retirado do livro que conta a história dos DJ's e que tem um capítulo exclusivo sobre a cena Northern Soul. (vou achar o nome do livro e passo para quem tiver interesse em saber um pouco mais sobre djs e suas fases na história da música. Se não me engano o livro é todo em inglês. Este texto foi traduzido por Marcio Custódio*
RETIRADO DE
http://soulcomeshome.blogspot.com/search/label/Textos

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Analfabitles - Single (RCA, 1968)





Mais uma vez os Analfabitles fazem uma aparição aqui no blog, desta vez com seu primeiro compacto, datado de 1968. O single abre com Sunnyside Up, cover da obscura banda de Boston Teddy and The Pandas, mostrando que a banda sabia onde catar as coisas. E a letra da canção diz "Well it's seven in the morning and I'm lying in bed/My wife's waking in my door/ She's got pralines on the table and they're waiting for me/ and I'm raring to go/ cause I'm havin'/ sunnyside up/ I'd like my eggs now..." Em seguida temos outro cover, essa mais calmo, chamado She's My Girl, original do grupo The Coastliners. Então é isso, saiba mais sobre os incríveis Analfabitles, no informativo texto de Nélio Rodrigues. Esse post é didicado ao camarada Junior, de Belém do Pará, que acompanha nosso blog e havia solicitado mais coisas do Analfabitles. Um abraço!
Teen Trash


tracklist:
side A Sunnyside Up
side B She's My Girl


Analfabitles - Single (RCA, 1968)







Analfabitles
por Nélio Rodrigues

Os Analfabitles contabilizavam três anos de existência em 1968. No início eram um quarteto e atendiam pelo nome de The New Kings. Uma fase curta, movida por uma aparelhagem incipiente e muita disposição. Logo, o pretensioso nome foi abolido, substituído pelo trocadilho com o qual a banda viria a se tornar uma legenda no Rio de Janeiro.

Mimetizando os grupos ingleses e norte-americanos, dos quais sugavam o repertório, os Analfabitles seguiam rota divergente do estilo predominantemente brega da jovem guarda. De fato, compartilhavam com outras bandas beat e de garagem, como The Outcasts, The Bubbles, The Trolls, The Divers e The Crows, entre outras, um nicho distinto e exclusivo, porém sem muita atenção das TVs e dos jornais e revistas, como recebiam os artistas daquela vertente.

No entanto, em 1968, já como um sexteto, a banda atravessava um momento efervescente. Seus bailes sempre concorridos mantinham o grupo em permanente circulação pelos clubes da Zona Sul, com esticadas a Tijuca, ao Grajaú e a Niterói, do outro lado da baía. Mas foi no Caiçaras, um clube de elite às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas - na verdade, situado numa ilha - que a coisa começou a esquentar. Ali, suas domingueiras foram se tornando tão disputadas durante o segundo semestre do ano que os bailes tiveram que ser transferidos do salão para o ginásio do clube. Com a fama se espalhando rapidamente entre os jovens antenados da cidade, não foi preciso muito tempo para Danilo, Léo, Maran, Luiz Carlos, Fernando e Daniel desfrutarem da reputação de pertencerem da melhor banda da região, ao lado de The Bubbles.

Pois foi em meio a esse panorama que os Analfabitles tiveram a chance de gravar um compacto simples para a RCA Victor. Chance essa proporcionada pelo gaitista e violonista Rildo Hora que, naquele momento, iniciava-se como produtor musical da gravadora. Reunidos no estúdio da CBS, no Rio, o grupo registrou os dois temas para o compacto numa curta sessão de gravação. Ao final de uma tarde de trabalho, depois de gravadas as bases, seguidas dos vocais em overdub, Rildo Hora dava por encerrada a sessão.

A escolha dos Analfabitles recaiu sobre dois números absolutamente obscuros, conhecidos apenas pelos freqüentadores mais assíduos dos bailes da banda. Foram eles "Sunnyside Up" e "She's My Girl". O primeiro, de uma banda de garagem de Boston (EUA) de pouca expressão fora de sua região de origem, chamada Teddy and The Pandas. A segunda, dos Coastliners, outro grupo norte-americano cujo legado discográfico limita-se a alguns compactos.

De certa forma, uma escolha surpreendente, pois contrariava a tendência da maioria dos artistas (e de bandas de sua época) de copiar os sucessos mais óbvios ou refazer temas de artistas já consagrados internacionalmente, quando da gravação de covers. Com inteligência, os Analfabitles evitaram comparações com as gravações originais que, no caso, ninguém conhecia, e tornaram "seus" os temas gravados. Portanto, se sucesso fizessem, seriam conhecidos como uma assinatura exclusiva da banda e de ninguém mais.

"Sunnyside Up" é um número em mid-tempo, com destaque para o caprichado vocal do grupo, em arranjo diferente, melhor e de efeito superior ao registrado por Teddy and The Pandas. Outro carimbo da banda presente na gravação é o atrevido solo de Maran ao órgão Hammond. Já "She's My Girl", escolhida para ocupar o lado 2 do compacto, é uma balada delicada, cantada em falsete por Fernando tal qual a gravação original dos Coastliners, lançada nos Estados Unidos em 1966 através do selo Back Beat.

O disco, cujo lançamento foi celebrado com uma festa no Teatro Casa Grande em 13 de outubro de 1968, chegou às rádios através do legendário DJ Big Boy, que incluiu os dois números na programação da Rádio Mundial. Mas foi "She's My Girl" que caiu no agrado dos ouvintes. O sucesso foi tanto que a música acabou invadindo o dial de outras estações cariocas, garantindo a RCA uma vendagem de dez mil cópias do compacto. Um enorme alento para um grupo sem presença alguma na televisão e cuja fama ainda atingiria o ápice no ano seguinte.

Enquanto os Analfabitles seguiriam construindo a sua história, a do compacto já estava sedimentada. Duas grandes pequenas músicas, executadas com brilho e bom gosto, só poderiam resultar num dos melhores discos de beat music gravados no Brasil.


publicado originalmente na revista virtual Senhor F
http://www.senhorf.com.br/agencia/main.jsp

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Os Abstratos - Single (Mocambo, 1968)





Começando a semana com uma PRECIOSIDADE! Os Abstratos, obscuro grupo da garagem paulista dos anos 60. Toda sua discografia se resume a esse compacto lançado em 1968 pelo selo pernambucano Mocambo, pertecente a gravadora Rosemblit. Aqui basicamente versões, sendo uma a versão para Every Little Thing dos Beatles, batizada de Achei o Amor. A outra uma versão de Fred Jorge para uma música italiana, onde o grupo fala sobre guerra e revolução, quebrando assim um pouco daquele estereótipo de alienado do rock brasileiro dos anos 60. Compacto cru da melhor espécie!
Teen Trash


tracklist
A Revolução
Achei Meu Amor (Every Little Thing - Beatles)


Os Abstratos
por Fernando Rosa
Os Abstratos, da garagem à psicodelia paulistana, nos anos sessenta Grupo de rock paulista que gravou o compacto 'A Revolução'/'Achei Meu Amor', pelo selo Mocambo/Rozemblit, em 1968 - a primeira versão de Fred Jorge para um clássico da música italiana, e a segunda também versão para 'Every Little Thing', dos Beatles. Com o fim do grupo, seus integrantes somaram-se ao ex-Beatniks Bogô para formar o 'Sinc Sunt Res', um dos principais grupos psicodélicos paulistas, que realizou memoráveis shows, sem deixar nada gravado. (Fernando Rosa)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Agenda

A Volta Dos Mortos Vivos

Scatologic Madness Possession
Feculent Goretomb
Facada
Vingança
(Lixorgânico)

data: 31/01/2009
hora: 22hs
Local:Clube Santa Cruz
Rua Padre Mororó ,710 - Centro - Fortaleza/Ce (próximo ao cemitério S. J. Batista)
Entrada:R$7,00 (R$10,00 / casal)




Ska Brothers e Racional Soul

data: 10/01/2009
hora: 20hs
local: Mocó Estúdio (Praia de Iracema)
entrada: 10,00






Agulha Sound

Primeira festa Agulha Sound do ano no Mocó Estúdio!

Djs
Jonnata Doll
Dandré
Bassman'60
Too Bad

data: 09/01/2009
hora: 22h
local: Mocó Estúdio (Rua José Avelino, 565 - Praia de Iracema)
entrada: 7,00 (1 pessoa), 10,00 (2 pessoas)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Até Mais Stooge: 17/06/1948 - 06/01/2009





Stooges: Morre Ron Asheton


O guitarrista dos Stooges foi encontrado morto nesta terça-feira em sua residência na cidade de Ann Arbor, Michigan. Não foi confirmado, mas talvez o músico já tivesse falecido a sete dias. A polícia invadiu o local a pedido do assistente pessoal do guitarrista, que não o via faziam vários dias.

Segundo a polícia, Asheton estava sentado no sofá e provavelmente foi vítima de um ataque cardíaco. O corpo passará por exames toxicológicos e autópsia para confirmar a causa da morte.

O músico que estava com 60 anos, foi fundador dos Stooges em 1967, ao lado de Iggy Pop (voz), Dave Alexander (baixo) e de seu irmão Scott Asheton (bateria), consagrando clássicos como “No Fun” e “I Wanna Be Your Dog”.

No terceiro trabalho da banda, Raw Power (1973), Asheton assume o baixo. Depois do lançamento do disco, resolve deixar a banda. Nessa época os Stooges chegavam ao fim e o último show foi em fevereiro de 1974, no Detroit’s Michigan Palace.

O músico teve diversos projetos, tocou em uma série de bandas como The New Order (não é os oitentão) e Destroy All Monsters, The New Race e Dark Carnival. No final dos anos 90, gravou canções da trilha do filme Velvet Goldmine ao lado de Mark Arm (Mudhoney), Mike Watt (The Minutemen), Thurston Moore (Sonic Youth) e Steve Shelley.

Em 2000, o músico começou a tocar com seu irmão Scott e Mike Watt. A banda foi chamada de The New Stooges pelos fãs, e depois que Iggy viu uma apresentação do trio, todos decidiram retornar com o The Stooges.

O primeiro show reunindo todos os integrantes novamente foi em 2003, quatro anos mais tarde sai o disco “The Weirdness” (2007).

A revista Rolling Stone colocou Ron na 29° posição quando elegeu os 100 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos.

(Lester Benga)

Fonte
http://www.osarmenios.com.br/

domingo, 4 de janeiro de 2009

Os Selvagens - s/t (Caravelle, 1968)



Essse é nosso primeiro disco de 2009 e esperamos que esse ano nos reserve mais grupos trazidos de volta da tumba e muito farfisa, hammond, fuzz, e demais usos primitivos da guitarra elétrica para nossos corações de pedra. Então vamos lá!

Os Selvagens gravaram 5 Lps e alguns compactos entre 1968 e 1976. Esse aqui é o primeiro disco do grupo que saiu pele selo Caravelle em 1968, destaco aqui a versão ultra punk de We Gotta Get out of This Place, gravada originalmente pelos Animals em 1965. Esse disco como um todo é uma boa pedida, com várias músicas autorais e alternando momentos garageiros mais radicais com jovem guarda. O grupo foi formado em 1965 na cidade do Rio de Janeiro pelos irmãos Leonardo e Mário Carion, junto com Hilton Ribeiro e Edgard Borges e tocaram em vários bailes por toda a cidade. Em 1970 gravaram Coração de Pedra, original dOs Jovens, com muito fuzz e o acompanhamento de percussão. Os Selvagens também saíram em coletâneas gringas dedicadas ao garage internacional como Basementville! Brazil #2 - 16 Obscure Brazilian Mid & Up-tempo Teen Cuts 1965/'68 (Misty Lane, 2000) e What Do I Say? #1 - Juddy In The Sky With Nazis (Reep, 2004).
Teen Trash

Obs: Mais informações sobre os grupos aqui postados são sempre bem vindas!


Tracklist
01. Te quero Bem
02. Vivo prá você
03. O Gavião
04. Vem , Amor
05. A praça
06. O Segredo
07. Temas do Nosso Amor
08. Tenho Que Esperar
09. We Got to Get Out of This Place
10. Tudo na Vida
11. Lamento de Amor
12. Você Foi Pra Longe

Os Selvagens - s/t (Caravelle, 1968)


Thanks For The Coments!



Os Selvagens
Por RSTONE (Comunidade Música Cafona e Jovem Guarda)


Banda carioca formada em 1965 pelos irmãos Leonardo e Mário Carion (guitarras) e mais Hilton Ribeiro(baixo) e Edgard Borges(bateria). Inicialmente, tocavam em todo o circuito de bailes do Rio.

Em 1968 lançaram o seu primeiro LP "Os Selvagens", pela gravadora Caravelle, sob o Nº LP-NF-6007. Neste álbum consta a curiosa gravação que fizeram da música "A Praça", de Carlos Imperial e grande sucesso com Ronnie Von um ano antes.

Em 1969, entrou para o grupo o compositor e versionista Rossini Pinto, que os levou para a CBS para gravarem pelo selo Epic. A banda é reformulada, e além de Rossini pinto, entram também para o grupo dois futuros grandes nomes da músicabrasileira, Hildon Souza e Michael Sullivan.

Em 1970, lançaram pelo selo CBS/EPIC, o seu segundo álbum contendo várias versões de Rossini Pinto e mais composições de Dom (da dupla Dom & Ravel), Álvaro Menezes, Pedro Paulo e outros.

O terceiro LP, intitulado "Don't Leave Me Now", é lançado em 1971, e mais uma vez, traz várias versões de Rossini Pinto para sucessos internacionais da época.

O grupo seguiu carreira até 1976, quando lançou o seu último LP, ainda pelo selo CBS/EPIC. Entre os sucessosradiofônicos do grupo Os Selvagens, estão as canções "O Jornalista", '"Eu E Você" e a mais conhecida de todas, "O Enviado Especial", que levou a banda para as paradas de sucesso de todo o Brasil em 1974. (RSTONE)

NOTA:
Fazendo uma correção ao texto acima: As canções "O Jornalista" e "O Enviado Especial" são, na verdade, uma música só, cujo título correto é "O Jornalista (O Enviado Especial)", composição de Rossini Pinto, foi lançada em compacto pela CBS/EPIC em 1972 - e não em 1974, conforme escrito acima -, se tornando o maior sucesso da carreira do grupo OS SELVAGENS. (RSTONE)