sábado, 20 de dezembro de 2008

Work Your Soul: Jamaican 60s & Northern 1966-74 (Trojan Records, 2003)


Ter duas coisas tão boas reunidas numa só é uma delícia e é isso que você escuta em Work Your Soul: Jamaican 60s & Northern 1966-74. Não é todo dia que você encontra um disco que reúne artistas jamaicanos cantando soul, seja em temas mais calmos ou na batida agitada do Northern Soul. Aqui temos o lado soul mais aflorado de gente como Desmond Dekker, Laureal Aitken e Darrick Harriott. A coletânea foi lançada pela Trojan em 2003 e reúne 24 gemas para fazer a alegria de fanáticos por soul e música jamaicana.

Tracklist

1. Where Is The Love - Glen Miller

2. I Feel So Bad - Jackie Edwards

3. Help Yourself - Jimmy James And The Vagabonds

4. Work Your Soul - Tommy McCook And The Supersonics

5. Mini Skirt And Go Go Boots - Lloyd And Glen

6. Make Me Yours - Phyllis Dillon

7. The Hoop - Errol Dixon

8. Ive Got The Blues - Desmond Dekker And The Aces

9. Lets Dance - Jimmy Cliff

10. Girl Ive Got A Date (Soul Version) - Alton Ellis And The Fla

11. Here Comes That Feeling (AKA That Lonely Feeling) - The Gayl

12. Do It Right (Soul Version) - The Three Tops

13. Come On Home - Jackie Edwards

14. Never You Hurt - Laurel Aitken And The Soulmen

15. I Want To Know - Sugar Simone

16. Help Me - Owen Gray

17. This Heart Of Mine - Jimmy James And The Vagabonds

18. Mama Dont Lie - Derrick Harriott

19. Mellow Moonlight - Roy Docker

20. King Without A Throne - Sugar Simone

21. One Monkey Dont Stop No Show - The Marvels

22. I Dont Want - Errol Dixon

23. Leave It In The Hands Of Love - Phyllis Dillon

24. Baby Be My Girl - Eddie Thornton Outfit



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Os Megatons - Single (Mocambo, 1967)



Os Megatons começaram como uma banda de rock instrumental e surf, gravando seu primeiro registro em 1964, o Lp Os Megatons lançado pela Philips. Sua formação contava com Joe Primo Mareschi (guitarra e ex-Jet Blacks), Renato (guitarra), Luiz (guitarra), Carlão (baixo) e Edgar (bateria).

Posteriormente com a entrada de Wagner Benatti e influenciados por Byrds e pela Britsh Invasion, gravam o sucesso O Tijolinho com o cantor Bobby de Carlo e também mais três compactos.

Parece que tinha-se o plano de lançar um Lp, coisa que não foi concretizada.Nas décadas seguintes seus integrantes passaram por bandas como Os Pholhas e Cokeluxe.

As duas canções são carregadas de atmosfera garageira e fuzz, uma delícia!
Teen Trash



Tracklist
Lado A - Cuidado
Lado B - Só penso Em Meu Bem

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História da Banda

Banda paulista formada no inicio dos anos 1960 pelo baixista Joe Primo (ex Jet Blacks). Nos primordios era uma banda exclusivamente instrumental, alias era o que predominava na epoca. Com a entrada de Bitão (Wagner Benatti) em 1966 a banda passou por uma mudança radical e as musicas vocais passaram a dominar o repertorio. Nessa ocasião a formação era: Bitão – guitarra/vocal; Joe Primo (PrimoMoreschi) - baixo/vocal; Renato – guitarra; Luiz Moreschi (irmão do Primo) – guitarra de 12 cordas/vocal e Edgar – bateria. Posteriormente houve a saida de Renato e a entrada de Sodinha (Antonio Carlos Cortez) grande amigo de Bitão com o qual já tinha tocado numa efêmera banda por volta de 1964 chamada “4 Sem e Um Com Óculos”.



Influenciados principalmente pelos Beatles e Byrds, a sonoridade dos Megatons tornou-se um diferencial entre outras bandas da época pelo uso das guitarras de 12 cordas, raridade naqueles dias...Foi assim que o produtor Serginho de Freitas os escolheu para gravar o compacto de reestréia de Bobby De Carlo que já tinha feito grande sucesso no final dos anos 50 com a musica “OH ELIANA”, as musicas escolhidas foram “TIJOLINHO” e “MINHA TRISTEZA” as 2 de autoria de Bitão. O sucesso foi avassalador e logo os rapazes foram identificados com aquele som diferente e metalico das guitarras de 12 cordas que todos admiravam; logo outros artistas do então iniciante movimento “Jovem Guarda” quiseram ter Os Megatons para acompanha-los nas gravações, como por exemplo Marcos Roberto e Antonio Marcos. Com todo este sucesso o caminho natural era que a banda fosse convidada a gravar seu proprio disco o que aconteceu através da gravadora Mocambo/Rozenblit com as músicas “MEU MACHUCADINHO” e “NELMA” as 2 de autoria de Wagner Bitão e PrimoMoreschi. O 2° compacto - tambem pela Mocambo/Rozenblit - tinha as músicas: “CUIDADO” (Marcos Roberto & Dori Edson) e “SÓ PENSO EM MEU BEM” (Henrique Adriani). O 3° e ultimo compacto saiu pela Odeon e tinha as musicas: “TARZAN (Wagner Bitão - PrimoMoreschi) e “VIAJANDO” (Wagner Bitão - Antonio Sodinha).


No 2° semestre de 1967 foram convidados a participar do inovador programa "Quadrado e Redondo" dirigido à juventude e apresentado pela dupla Serginho Galvão-Debora Duarte na então recem inaugurada TV Bandeirantes e que foi um grande sucesso na época; chegaram ainda a participar no final daquele ano da gravação do único LP de Bobby de Carlo e no inicio de 1968 Os Megatons estavam preparando a gravação do seu 1° LP mas infelizmente não chegou a ser concretizado pois houve a prematura dissolução da banda.


Fonte

Altafini - Single (Pauta, 1968)




Altafini é outra obscuridade, gravou esse compacto pelo pequeno selo "Pauta Gravações e Propaganda Limitada" em 1968. No single ele canta e é acompanhado pela também obscura banda We Four.

Altafini chegou a se apresentar na TV no programa de Flávio Cavalcante, cantando Eu Lutarei Pela Paz. A música fala sobre a infância e pacifismo e em certo trecho fala sobre quebrar coisas e jogar pedras. Foi criticado pela letra por um dos jurados e teve seu compacto quebrado no ar pelo apresentador do programa. O cantor e seu empresário alemão ainda tentaram divulgar o trabalho, mas sem êxito. Ao que parece, em 1969 Altafini já tinha encerrado a carreira de músico.

Duas coisas devem ser destacadas nesse single, as composições, que são próprias do cantor, mostrando bastante personalidade e originalidade nas letras. E o outro é o acompanhamento arrasador do We Four, com muita guitarra fuzz e barulho, bem sujo e diferente.

As duas canções do compacto circulam pela Web, já faz um tempo, através da compilação virtual Brazilian Nuggets, dedicada a psicodelia brasileira.

Celso Fagundes Altafini, nasceu em São Paulo e em 1982 se casou, mudando-se para Fortaleza (Ceará). Se alguém de Fortaleza que conhece o cara estiver lendo isso daqui, seria de grande interesse meu entrar em contato com o artista para uma entrevista.

Todas as informações aqui contidas foram retiradas do programa de Washington Morais dedicado a Jovem Guarda, que em sua edição de número 21 foi sobre Altafini.



Tracklist
Lado A - Eu Lutarei Pela Paz
Lado B - Xaropão


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Jovem Guarda - Programa 21 - Altafini

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

The Maskers - Single (Continental, 1965)





Não existe quase nenhuma informação sobre o The Maskers. Eles foram capa do volume 1 da coletânea gringa Hearts of Stone, dedicada as obscuridades garageiras do Brasil. Ao que parece, gravaram somente dois compactos, este lançado pela Continental em 1965 e outro pela Chantecler, que continha a música Veja Só. No compacto aqui postado temos basicamente versões. Vem é uma versão para Help dos Beatles e reflete os efeitos da British Invasion aqui no Brasil. É Difícil Esquecer é uma versão para You're My Baby, Don't You Forget It. O compacto é de sonoridade é mais beat do que garage, com letras em português. Destaque para a capa do compacto com os integrantes fazendo jus ao nome da banda. Boa pedida para quem gosta de obscuridades, covers e versões.


Obs: Mais informações sobre a banda serão bem vindas.

Tracklist
Vem (Help!)
É Difícil Esquecer (You're My Baby, Don't You Forget It.)

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Os Incríveis - Neste Mundo Louco (Continental, 1967)




Algumas pessoas tendem a torcer o nariz quando o assunto é Jovem Guarda e acabam menosprezando o estilo, resumindo ele aos hits que ouviram por acaso na tv ou coisa parecida. A verdade é que a jovem guarda é a expressão autêntica de nosso rock sixtie, com tudo de bom ou brega que essa década teve. Nela, como em qualquer outro estilo, há espaço para coisas boas, ruins e fenomenais. Todo mundo "conhece" Roberto, Erasmo e Wanderléa, as pontas de lança do movimento, porém muitos outros fizeram parte dela. Gosto de brincar e chamar os grupos mais obscuros e de tendência mais garageira (Os Baobás, The Brazilian Bitles) de "Jovem Guarda linha-dura", em contraponto as melodias mais açucaradas do estilo. E esse disco postado aqui dos Incríveis de certa forma reúne esses elementos.

Os Incíveis nasceram no ano de 1962 em São Paulo com o nome de The Clevers e já começaram a gravar em 1963 em plena moda do Twist. Dois anos depois, por motivos legais, mudam o nome para Os Incríveis, iniciando a fase de maior sucesso do grupo que se estende do final dos anos 60 até o início da década seguinte, contando com sucessos como Era um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones e Eu Te Amo, Meu Brasil, composição de Dom e Ravel identificada com o regime militar e que acabou por trazer desprestígio para o grupo. Em seguida o grupo se separou e alguns de seus integrantes ainda gravaram nos anos 70 como Risonho, Mingo e Nenê, passando por grupos como Som Nosso de Cada Dia e Casa das Máquinas. Nas décadas seguintes o grupo se reúne em decorrência de comemorações e aniversários da Jovem Guarda.

Em 1967 eles gravaram Os Icríveis Neste Mundo Louco, nome também do filme que foi rodado com eles ma Europa. Aqui há desde músicas mais animadinhas como Feliz Foi Adão, passando pelo pop italiano romântico de La Fisarmonica, pelas canções carregadas de distorção fuzz e cheiro de garagem como Hold Tight e Giulieta e a pertubadora Don Pepe Legal, de autoria do guitarrista e vocalista Mingo, que passeia pelo jazz, rock instrumental e guitarra fuzz garageira. Neste disco a fromação era Netinho (bateria), Mingo (guitarra base e vocal), Risonho (guitarra solo), Nene (baixo), que foi integrante do The Rebels e Manito (sax), que posteriormente chegou a gravar com os Mutantes.

Se você ainda tem preconceito com a Jovem Guarda, me desculpe a indelicadeza, mas o problema é todo seu, pois estará perdendo oportunidade única de saborear um rock tipicamente brasileiro, sem ser regionalista, que nada tem haver com aquele excremento pop feito aqui nos 80. E se você é um aficionado em sons de garagem, não deixe de dá uma olhadinha no próprio quintal, antes de procurar coisas no do seu vizinho anglo-saxão.

Teen Trash


1 The girl like you
(D.R.)

2 Renascerá
(Los Brincos - Mingo)

3 Hi-Lili Hi-lo
(Deustche - Kaper)

4 Hold tight
(Blaikley)

5 La fisarmonica
(Enriquez - Zambrini - Migliacci)

6 My mummy put sugar on me (Mamãe passou açúcar em mim)
(Carlos Imperial - Mingo)

7 Piangi com me
(Mogol - Schapiro)

8 Giulieta
(Los Brincos)

9 Feliz foi Adão
(Carlos Imperial - Eduardo Araújo)

10 Don Pepe Legal
(Mingo)

11 Que será será (Whatever will be, will be)
(Livingston - Evans)

12 Um sorriso champagne
(D.R.)


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Trecho do filme Os Incríveis Neste Mundo Louco


Os Incríveis num visual meio Billy Childish

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Noite das Bruxas 13 de Dezembro



Noite das Bruxas
Mossoró, Rio Grande do Norte

Os Bonnies
Velociraptors
Inquisidores
Mahatma Gang
Dj Raphael Cruz

Local: Nasdir Drinks
Horário: Sábado às 18:00
Entrada: 5,00


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Moonstomp & Young Birds Fly

Moonstomp

directed by Michaell Korell, 1996










Young Birds Fly

directed by Leonardo Flores, 2006










Moonstomp & Young Birds Fly



Essas são duas singelas homenagens a duas subculturas, o skinhead e o mod, que surgiram ainda nos anos 60 e de uma maneira ou outra estiveram ligadas a música jamaicana. Ambas partilhavam o mesmo gosto tanto pela soul music norte-americana, como pela música jamaicana, seja ska, roksteady ou reggae.



Moonstomp é um curta lançado em 1996 e mostra um rude boy e um skinhead em seu curto enredo, podendo pegar despercebido quem espera uma típica cena de violência racial. Destaque para as músicas de fundo.



Young Birds Fly se centra na cultura mod e na vida de três jovens garotas. Ao que parece o filme aguarda lançamento. Leia resenha aqui no Crop nº 1





quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Soul Jamaica


Blog meu e do camarada Bergson sobre a época de ouro da música jamaicana, Mento, Calypso, Ska, Rocksteady e Early Reggae. Com enfase mais em textos do que em downloadas, dando destaque a algumas importantes bandas e artistas, que merecem uma atenção especial.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Rei dos Reis

Rei dos Reis

Toni Face





Desmond Dacres, nasceu em 16 de julho de 1942 em Kingston, Jamaica, passou grande parte de sua juventude num orfanato em St. Thomas antes de voltar a Kingston, onde trabalhou como soldador. Seus colegas de trabalho insistiram várias vezes para que ele busca-se uma audição com algum produtor que lhe pudesse dar uma oportunidade como cantor. Em seguida um conhecido arrumou uma audição com Leslie Cong. Em 1963 o rebatizado Desmond Dekker gravou seu primeiro single, intitulado Honor Your Father and Mother, que foi editado na Inglaterra pela gravadora Tresure Island de Chris Blackwell.


Neste período Desmond se uniu aos The Aces, com os quais obteve um enorme sucesso na Jamaica na segunda metade dos anos 60, chegando a conquistar vinte posições como nº1 nas listas de sucesso. Quando chegou a época do Rocksteady em 1966, arrasou com seu tema 007(Shantytown), inspirado em James Bond, sendo um sucesso no Reino Unido: uma infecciosa articulação rítmica do rueiro rude boy, que foi um presságio do sucesso internacional que desfrutaria pouco tempo depois.


Em 1967 ficou em segundo lugar no jamaicano Festival da Canção com o tema Unity e continuou tendo sucessos nº 1 como Hey Gradma, Music Like Dirty, Rudi Got Soul, Rude Boy Train e Sabotage.


Já em 1969 conseguiu sucesso internacional com Israelites. "Get up in the morning, slaving for bread, sir, so that every mouth can be fed", cantada em patois jamaicano confundiu toda à audiência pop nos dois lados do Atlântico. Israelites havia sido um sucesso no ano anterior em clubes dedicados a música jamaicana e em 1969 se tornou a primeira canção reggae da história a obter um nº 1 nas listas inglesas. Também entrou no top 10 dos E.U.A, um país que sempre se mostrou reacionário à música jamaicana.

O próximo sucesso seria It Mek, gravado um ano antes como A It Mek, um tema inspirado em sua irmã Elaine que depois de um acidente doméstico chorou "like ice water". Dekker aproveitava, adaptando suas observações diárias em linhas afiadas e incisivas.


Os sucessos se sucediam, assim como as turnês pela Inglaterra, sendo o artista de reggae mais importante até a chegada de Bob Marley.


Durante a 2-Tone Ska/Mod Revival, gravou Black and Decker, não chegando a repetir o sucesso da década anterior, tentando novamente com Compass Point.




Em 1984 os tribunais lhe declararam arruinado e sem jeito de obter dinheiro de seu antigo empresário. Esses foram duros momentos para alguém que havia tocado as estrelas.


Seguiu fazendo turnês, apoiado por Delroy Williams, que era seu empresário na época e em 1993 grava King of Kings com The Specials, para a Trojan.


Sua inconfundível voz em falsete é o cartão de visita de uma das mais memoráveis estrelas jamaicanas, o pioneiro que fez do reggae um ritmo conhecido internacionalmente.













Fonte: LIQUIDATOR, nº 3, 2000, Madrid, Espanha. Tradução Raphael Cruz.

Breve Histórico da Música Jamaicana



Breve Histórico da Música Jamaicana
Bergson Henrique e Raphael Cruz

A história musical jamaicana se baseia em ritmos populares como o Mento, que é um dos ritmos genuinamente jamaicanos, juntamente com outros ritmos caribenhos como o Calypso (de Trinidad) que vinham de outras ilhas que formam as Antilhas.

Nos anos 1950 a Jamaica estava se habituando a escutar o que vinha das estações de rádio americanas, desenvolvendo um gosto pelo Rhythm and Blues, o Jazz e demais variações da música popular norte-americana. Essa entrada de música americana era difundida também através dos Sound Systems que se originaram nos guetos de Kingston (capital jamaicana) e que consistiam de equipamentos de som à céu aberto onde eram reproduzidos os discos selecionados pelos dj's. Dois desses dj's e que posteriormente viriam a marcar profundamente a música jamaicana foram os produtores Coxsone Dodd (dono da mundialmente conhecida gravadora jamaicana Studio One) e Duke Reid (proprietário da Tresure Isle). Os sound systems tiveram um importante papel na formação da música moderna jamaicana pois impulsionaram o nascimento do Ska, do Rocksteady, do Reggae e do Dub.

No perímetro urbano da Jamaica, a novidade dos sound systems não agradou muito a classe média, que ainda preferia escutar o Jazz e o Rhythm and Blues americano, mais pelo status do que realmente pela musicalidade.

É desse ambiente cultural que surge o Ska, da mistura de ritmos locais (Mento), afro-caribenhos (Calypso) e norte-americanos (Jazz e Rhythm and Blues), sendo considerado o primeiro grande desenvolvimento da moderna música popular jamaicana, de onde dali a alguns anos iria brotar o Rocksteady e mais tarde o Reggae.

O Ska se caracteriza por ser um ritmo fortemente acentuado nos contratempos, nos 2o e 4o tempos do compasso, onde piano e guitarra acentuam os contratempos, enfatizados pelos metais, quando esses não estavam solando.
Com o seu desenvolvimento foram surgindo grandes solistas, principalmente dos metais, já que esses eram os instrumentos que mais se destacavam no todo da música, com solos que cada vez se aperfeiçoavam mais.
Parte da população jamaicana estava satisfeita e orgulhosa da nova música que estava sendo feita, outra parte achava o Ska um ritmo básico, com letras infantis, rimas simples e batida constante e de certa forma "dura".

Já no tocante ao contexto social da época ele era marcado por uma Jamaica conturbada, prestes a conseguir a independência nacional (6 de Agosto de 1962) perante a Inglaterra. O clima estava conturbado e muitos problemas sociais ocorriam. Muitos temas de Ska abordavam esses problemas, como Simmer Down dos Wailers, de 1964, que relatava os dias difíceis que estavam sendo vividos. A delinqüência juvenil também era crescente, da qual surgiu um grupo de jovens que eram considerados pequenos marginais, os rude boys, jovens negros e pobres dos guetos de Kingston que não tiveram oportunidade de viver no clima de euforia da independência, muitos tinham vindo do interior tentar a vida na cidade grande, mas só encontraram mais miséria ou o mundo do crime como alternativa. Assaltar turistas e comércios e fumar cannabis no monte Zion eram algumas de suas atividades quando não estavam esperando o próximo baile. Suas roupas eram baseadas nos personagens de filmes gangsteres americanos dos anos 30 e a maneira de dançar Ska chamava atenção, tanto pelas roupas quanto pela maneira imponente de dançar.

Posteriormente com a imigração para a Inglaterra, especificamente Londres, desses jovens e o contato com jovens brancos e pobres provenientes da classe operária nos bailes de música negra, fez nascer a figura do skinhead, que reúne elementos culturais tanto dos rude boys jamaicanos quanto dos mods ingleses.

Diz a lenda que foi atendendo a pedidos do público que o Ska foi um pouco desacelerado para que fosse possível encaixar uma letra de música, já que nele eram os metais quem preenchiam os compassos musicais. Outra versão conta que os instrumentistas dos metais estavam insatisfeitos com a pequena remuneração que recebiam e acabaram ficando para segundo plano, dando mais destaque ao vocal e aos outros instrumentos, como o baixo que criava novas linhas de riddins e a guitarra.

É nessa desaceleração do Ska que temos as origens do Rocksteady. Ele predominou nas paradas jamaicanas entre o Ska e o surgimento do Reggae, mais precisamente entre os anos de 66 e 68. É visto como uma fase de transição entre os dois ritmos. Não é tão rápido quanto o Ska e nem tão lento quanto o Reggae. Sua principal característica foi desviar mais a atenção para o vocal, com o surgimento de duos e trios vocais. Suas letras geralmente falam do cotidiano, prevalecendo às temáticas amorosas, com melodias bem definidas e harmonizadas.

Bob Marley chegou a gravar alguns temas de Rocksteady quando voltou dos EUA em 1966.

Como para se fazer Rocksteady não se necessitava de tantos instrumentistas quanto para se fazer um Ska, a produção musical jamaicana sofreu um intenso impulso, que fez a ilha fervilhar de novos talentos como Melodians, Heptones e Paragons. Por ter sua estrutura mais a ver com o Reggae do que com o próprio Ska, o Rocksteady tem sua história um pouco deixada de lado, ficando para o Reggae o maior reconhecimento pelo grande público e fama da música jamaicana.


Raphael Cruz (f.raphael.c@gmail.com)
Bergson Henrique (
magao_sppud@hotmail.com)


Fonte: zine Rude, Uma Menssagem Para Ti, Fortaleza, Ceará, 2008.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Gonn - The Loudest Band in Town (Sundazed/BeatRocket, 1998)

Gonn: Querosene & Fuzz, Um Coquetel Punk Anos 60





Provavelmente com um dos mais sebosos e brutos riffs do punk sessentista, Blackout of Gretely são mais de quatro minutos de guitarra e vocal saturados em cima de uma letra baseada num conto sobre a Segunda Guerra Mundial. Formado em 1966 o Gonn vem da pequena Keokuk (Iowa), próxima ao Rio Mississipi e já citada até num episódio dos Simpsons, quando o palhaço Krusty comenta sobre cidades norte-americanas com nomes estranhos como Walla Walla, Cucamonga, Seattle (?!) e claro Keokuk.



A história do Gonn é semelhante à de qualquer outra banda de garagem americana dos anos 60, vivendo num ambiente marcado pelas intensidades da adolescência e pela vontade de ter um banda, o que só poderia desaguar no amadorismo cru e bruto do rock de garagem, tão presente em festas colegiais, matinês e concursos do tipo Battle of the Bands. A trajetória da banda está associada a figura de seu baixista Greg Moore, que havia tocado anteriormente em pequenos grupos de curtíssima existência e nenhum registro, como The Gallows e The Outcasts.



Antes de finalmente ser formada a banda, seus futuros integrantes passaram por grupos pré-Gonn como The Accused, The Rogues, The Pagans. Este último se destaca por ser um dos primeiros grupos garageiros sessentistas a contar em sua formação com integrantes brancos e negros. A mudança do nome de Pagans para Gonn ocorre por causa da mãe do guitarrista Rex Garret, que não gostava que seu filho fosse chamado por ai de "pagão". Os garotos de Keokuk admiravam uma banda chamada Madd da vizinha Ottumwa (outro nome estranho!) e nesse espírito, acrescido de um leve toque beatnick, Rex disse Gone e Craig acrescentou dois "enes", estavam então finalmente batizados de Gonn e como seus ídolos Madd, dispensaram o tão presente "The".



Entre o final de1966 e o começo de 1967 sai o primeiro compacto que trazia a devastação sonora Blackout of Gretely no lado A e Pain in My Heart no lado B, clássico na voz do soulman Otis Redding e também gravada pelos Rolling Stones, nos quais o Gonn se baseou para fazer sua versão. O line up então contava com Craig Moore (vocal principal e baixo) Gerry Gabel (órgão e vocais), Gary Stepp (guitarra rítmica), Rex Garrett (guitarra principal) e Brent Colvin (bateria). O single foi prensado naquele ano em apenas 600 cópias pela Emir Records de Iowa e hoje custa a bagatela de 1.000 dólares em sites como Ebay. Blackout of Gretely foi composta por Craig Moore/Rex Garrett e começa com a declamação "The universe is permeated with the odor of kerosene", sendo um convite para a audição de uma pérola que reúne todos os aspectos mais primitivos dos Stones, só que elevados à décima potência no quesito "crueza" e mais toques, segundo seus próprios integrantes, de The Standells, Count Five e The Yardbirds.



Com o mesmo line up ainda gravaram um segundo compacto no início de 1967, contendo Doin' Me In no lado A e I Need You (cover do Kinks) no lado B, que nunca foi lançado, até possivelmente ter visto a luz do dia novamente em 1984 na compilação Rough Diamonds: The History Of Garage Band Music Vol 9 - Gonn (Voxx Records). Doin' Me In é a sucessora de Blackout of Gretely, tendo que ser grava mais de uma vez devido o excesso de gritos e barulho, mas apesar de ser uma segunda gravação a música ainda é brutal e demoníaca o suficiente quarenta anos depois. No meio de 1967 ainda gravaram outro single, esse sim lançado e que continha Come With Me (To The Stars) no lado A e You're Looking Fine no lado B.



No ano de 1968 o Gonn se desfaz, seus integrantes tomam rumos diferentes o que invibializava a banda. Mesmo assim Dave, Gerry e Craig ainda testam mais três novos line ups para o Gonn, até finalmente encerrar a banda em 1969.



Blackout of Gretely foi regravada pelos Fuzztones em seu segundo single Leave Your Mind At Home em 1984 e a versão original do Gonn circulou por inúmeras compilações piratas dedicadas ao garage e ao punk ainda nos anos 80.



Em 1990 a banda se reune novamente para um show em frente ao Rio Mississipi. E em 1996 lançam oficialmente seu primeiro Lp, chamado Gonn With The Wind, com seis dos sete integrantes que passaram pela banda, contendo uma faixa ao vivo da reunião de 1990. Em 1997 fazem turnê pela Europa, passando pela Itália, França e Holanda. Ainda nesse ano participam do Fuzz Fest em Atlanta. Em 1998 a Sundazed Records lança, como parte de sua série BeatRocket, um Lp contendo material extra do Gonn de 1966-1967, além de seus compactos, com uma produção fiel as master tapes analógicas originais.



À título de curiosidade, a razão pela qual Blackout of Gretely não constar na versão original da compilação Nuggets, lançada em Lp em 1972, era que ela passava dos quatro minutos, quesito usado para a seleção e produção da coletânea em seu formato original.



Em 2001 mais uma turnê européia e em 2004 se dá a entrada do Gonn para o Iowa Rock And Roll Music Association Hall Of Fame, figurando assim ao lado de Buddy Holly, Ritchie Valens, Bobby Vee, DJ & The Runaways, The Trashmen, The Union Jacks, Al's Untouchables entre outros. No ano de 2007 a dupla responsável pelo clássico 60's punk Blackout of Gretely, preparava um novo álbum e anunciavam mais shows pela frente.



Certamente o título de a banda mais ruidosa da cidade faz jus ao Gonn. Longa vida a essa banda permeada de querosene, ruído e fuzz!



Teen Trash









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