terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Agenda
sábado, 20 de dezembro de 2008
Work Your Soul: Jamaican 60s & Northern 1966-74 (Trojan Records, 2003)
Ter duas coisas tão boas reunidas numa só é uma delícia e é isso que você escuta em Work Your Soul: Jamaican 60s & Northern 1966-74. Não é todo dia que você encontra um disco que reúne artistas jamaicanos cantando soul, seja em temas mais calmos ou na batida agitada do Northern Soul. Aqui temos o lado soul mais aflorado de gente como Desmond Dekker, Laureal Aitken e Darrick Harriott. A coletânea foi lançada pela Trojan em 2003 e reúne 24 gemas para fazer a alegria de fanáticos por soul e música jamaicana.
1. Where Is The Love - Glen Miller
2. I Feel So Bad - Jackie Edwards3. Help Yourself - Jimmy James And The Vagabonds
4. Work Your Soul - Tommy McCook And The Supersonics
5. Mini Skirt And Go Go Boots - Lloyd And Glen
6. Make Me Yours - Phyllis Dillon
7. The Hoop - Errol Dixon
8. Ive Got The Blues - Desmond Dekker And The Aces
9. Lets Dance - Jimmy Cliff
10. Girl Ive Got A Date (Soul Version) - Alton Ellis And The Fla
11. Here Comes That Feeling (AKA That Lonely Feeling) - The Gayl
12. Do It Right (Soul Version) - The Three Tops
13. Come On Home - Jackie Edwards
14. Never You Hurt - Laurel Aitken And The Soulmen
15. I Want To Know - Sugar Simone
16. Help Me - Owen Gray
17. This Heart Of Mine - Jimmy James And The Vagabonds
18. Mama Dont Lie - Derrick Harriott
19. Mellow Moonlight - Roy Docker
20. King Without A Throne - Sugar Simone
21. One Monkey Dont Stop No Show - The Marvels
22. I Dont Want - Errol Dixon
23. Leave It In The Hands Of Love - Phyllis Dillon
24. Baby Be My Girl - Eddie Thornton Outfit
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Os Megatons - Single (Mocambo, 1967)
Posteriormente com a entrada de Wagner Benatti e influenciados por Byrds e pela Britsh Invasion, gravam o sucesso O Tijolinho com o cantor Bobby de Carlo e também mais três compactos.
Parece que tinha-se o plano de lançar um Lp, coisa que não foi concretizada.Nas décadas seguintes seus integrantes passaram por bandas como Os Pholhas e Cokeluxe.
As duas canções são carregadas de atmosfera garageira e fuzz, uma delícia!
Tracklist
Lado A - Cuidado
Lado B - Só penso Em Meu Bem
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Banda paulista formada no inicio dos anos 1960 pelo baixista Joe Primo (ex Jet Blacks). Nos primordios era uma banda exclusivamente instrumental, alias era o que predominava na epoca. Com a entrada de Bitão (Wagner Benatti) em 1966 a banda passou por uma mudança radical e as musicas vocais passaram a dominar o repertorio. Nessa ocasião a formação era: Bitão – guitarra/vocal; Joe Primo (PrimoMoreschi) - baixo/vocal; Renato – guitarra; Luiz Moreschi (irmão do Primo) – guitarra de 12 cordas/vocal e Edgar – bateria. Posteriormente houve a saida de Renato e a entrada de Sodinha (Antonio Carlos Cortez) grande amigo de Bitão com o qual já tinha tocado numa efêmera banda por volta de 1964 chamada “4 Sem e Um Com Óculos”.
Fonte
Altafini - Single (Pauta, 1968)
Altafini chegou a se apresentar na TV no programa de Flávio Cavalcante, cantando Eu Lutarei Pela Paz. A música fala sobre a infância e pacifismo e em certo trecho fala sobre quebrar coisas e jogar pedras. Foi criticado pela letra por um dos jurados e teve seu compacto quebrado no ar pelo apresentador do programa. O cantor e seu empresário alemão ainda tentaram divulgar o trabalho, mas sem êxito. Ao que parece, em 1969 Altafini já tinha encerrado a carreira de músico.
Duas coisas devem ser destacadas nesse single, as composições, que são próprias do cantor, mostrando bastante personalidade e originalidade nas letras. E o outro é o acompanhamento arrasador do We Four, com muita guitarra fuzz e barulho, bem sujo e diferente.
As duas canções do compacto circulam pela Web, já faz um tempo, através da compilação virtual Brazilian Nuggets, dedicada a psicodelia brasileira.
Celso Fagundes Altafini, nasceu em São Paulo e em 1982 se casou, mudando-se para Fortaleza (Ceará). Se alguém de Fortaleza que conhece o cara estiver lendo isso daqui, seria de grande interesse meu entrar em contato com o artista para uma entrevista.
Todas as informações aqui contidas foram retiradas do programa de Washington Morais dedicado a Jovem Guarda, que em sua edição de número 21 foi sobre Altafini.
Tracklist
Lado A - Eu Lutarei Pela Paz
Lado B - Xaropão
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Jovem Guarda - Programa 21 - Altafini
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
The Maskers - Single (Continental, 1965)
É Difícil Esquecer (You're My Baby, Don't You Forget It.)
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Os Incríveis - Neste Mundo Louco (Continental, 1967)
Os Incíveis nasceram no ano de 1962 em São Paulo com o nome de The Clevers e já começaram a gravar em 1963 em plena moda do Twist. Dois anos depois, por motivos legais, mudam o nome para Os Incríveis, iniciando a fase de maior sucesso do grupo que se estende do final dos anos 60 até o início da década seguinte, contando com sucessos como Era um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones e Eu Te Amo, Meu Brasil, composição de Dom e Ravel identificada com o regime militar e que acabou por trazer desprestígio para o grupo. Em seguida o grupo se separou e alguns de seus integrantes ainda gravaram nos anos 70 como Risonho, Mingo e Nenê, passando por grupos como Som Nosso de Cada Dia e Casa das Máquinas. Nas décadas seguintes o grupo se reúne em decorrência de comemorações e aniversários da Jovem Guarda.
Em 1967 eles gravaram Os Icríveis Neste Mundo Louco, nome também do filme que foi rodado com eles ma Europa. Aqui há desde músicas mais animadinhas como Feliz Foi Adão, passando pelo pop italiano romântico de La Fisarmonica, pelas canções carregadas de distorção fuzz e cheiro de garagem como Hold Tight e Giulieta e a pertubadora Don Pepe Legal, de autoria do guitarrista e vocalista Mingo, que passeia pelo jazz, rock instrumental e guitarra fuzz garageira. Neste disco a fromação era Netinho (bateria), Mingo (guitarra base e vocal), Risonho (guitarra solo), Nene (baixo), que foi integrante do The Rebels e Manito (sax), que posteriormente chegou a gravar com os Mutantes.
Se você ainda tem preconceito com a Jovem Guarda, me desculpe a indelicadeza, mas o problema é todo seu, pois estará perdendo oportunidade única de saborear um rock tipicamente brasileiro, sem ser regionalista, que nada tem haver com aquele excremento pop feito aqui nos 80. E se você é um aficionado em sons de garagem, não deixe de dá uma olhadinha no próprio quintal, antes de procurar coisas no do seu vizinho anglo-saxão.
Teen Trash
1 The girl like you
(D.R.)
2 Renascerá
(Los Brincos - Mingo)
3 Hi-Lili Hi-lo
(Deustche - Kaper)
4 Hold tight
(Blaikley)
5 La fisarmonica
(Enriquez - Zambrini - Migliacci)
6 My mummy put sugar on me (Mamãe passou açúcar em mim)
(Carlos Imperial - Mingo)
7 Piangi com me
(Mogol - Schapiro)
8 Giulieta
(Los Brincos)
9 Feliz foi Adão
(Carlos Imperial - Eduardo Araújo)
10 Don Pepe Legal
(Mingo)
11 Que será será (Whatever will be, will be)
(Livingston - Evans)
12 Um sorriso champagne
(D.R.)
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Trecho do filme Os Incríveis Neste Mundo Louco
Os Incríveis num visual meio Billy Childish
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Noite das Bruxas 13 de Dezembro
Noite das Bruxas
Mossoró, Rio Grande do Norte
Os Bonnies
Velociraptors
Inquisidores
Mahatma Gang
Dj Raphael Cruz
Local: Nasdir Drinks
Horário: Sábado às 18:00
Entrada: 5,00
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Moonstomp & Young Birds Fly
directed by Michaell Korell, 1996
Young Birds Fly
directed by Leonardo Flores, 2006
Moonstomp & Young Birds Fly
Essas são duas singelas homenagens a duas subculturas, o skinhead e o mod, que surgiram ainda nos anos 60 e de uma maneira ou outra estiveram ligadas a música jamaicana. Ambas partilhavam o mesmo gosto tanto pela soul music norte-americana, como pela música jamaicana, seja ska, roksteady ou reggae.
Moonstomp é um curta lançado em 1996 e mostra um rude boy e um skinhead em seu curto enredo, podendo pegar despercebido quem espera uma típica cena de violência racial. Destaque para as músicas de fundo.
Young Birds Fly se centra na cultura mod e na vida de três jovens garotas. Ao que parece o filme aguarda lançamento. Leia resenha aqui no Crop nº 1
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Soul Jamaica
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Rei dos Reis
Toni Face
Breve Histórico da Música Jamaicana
Breve Histórico da Música Jamaicana
Bergson Henrique e Raphael Cruz
A história musical jamaicana se baseia em ritmos populares como o Mento, que é um dos ritmos genuinamente jamaicanos, juntamente com outros ritmos caribenhos como o Calypso (de Trinidad) que vinham de outras ilhas que formam as Antilhas.
Nos anos 1950 a Jamaica estava se habituando a escutar o que vinha das estações de rádio americanas, desenvolvendo um gosto pelo Rhythm and Blues, o Jazz e demais variações da música popular norte-americana. Essa entrada de música americana era difundida também através dos Sound Systems que se originaram nos guetos de Kingston (capital jamaicana) e que consistiam de equipamentos de som à céu aberto onde eram reproduzidos os discos selecionados pelos dj's. Dois desses dj's e que posteriormente viriam a marcar profundamente a música jamaicana foram os produtores Coxsone Dodd (dono da mundialmente conhecida gravadora jamaicana Studio One) e Duke Reid (proprietário da Tresure Isle). Os sound systems tiveram um importante papel na formação da música moderna jamaicana pois impulsionaram o nascimento do Ska, do Rocksteady, do Reggae e do Dub.
No perímetro urbano da Jamaica, a novidade dos sound systems não agradou muito a classe média, que ainda preferia escutar o Jazz e o Rhythm and Blues americano, mais pelo status do que realmente pela musicalidade.
É desse ambiente cultural que surge o Ska, da mistura de ritmos locais (Mento), afro-caribenhos (Calypso) e norte-americanos (Jazz e Rhythm and Blues), sendo considerado o primeiro grande desenvolvimento da moderna música popular jamaicana, de onde dali a alguns anos iria brotar o Rocksteady e mais tarde o Reggae.
O Ska se caracteriza por ser um ritmo fortemente acentuado nos contratempos, nos 2o e 4o tempos do compasso, onde piano e guitarra acentuam os contratempos, enfatizados pelos metais, quando esses não estavam solando.
Com o seu desenvolvimento foram surgindo grandes solistas, principalmente dos metais, já que esses eram os instrumentos que mais se destacavam no todo da música, com solos que cada vez se aperfeiçoavam mais.
Parte da população jamaicana estava satisfeita e orgulhosa da nova música que estava sendo feita, outra parte achava o Ska um ritmo básico, com letras infantis, rimas simples e batida constante e de certa forma "dura".
Já no tocante ao contexto social da época ele era marcado por uma Jamaica conturbada, prestes a conseguir a independência nacional (6 de Agosto de 1962) perante a Inglaterra. O clima estava conturbado e muitos problemas sociais ocorriam. Muitos temas de Ska abordavam esses problemas, como Simmer Down dos Wailers, de 1964, que relatava os dias difíceis que estavam sendo vividos. A delinqüência juvenil também era crescente, da qual surgiu um grupo de jovens que eram considerados pequenos marginais, os rude boys, jovens negros e pobres dos guetos de Kingston que não tiveram oportunidade de viver no clima de euforia da independência, muitos tinham vindo do interior tentar a vida na cidade grande, mas só encontraram mais miséria ou o mundo do crime como alternativa. Assaltar turistas e comércios e fumar cannabis no monte Zion eram algumas de suas atividades quando não estavam esperando o próximo baile. Suas roupas eram baseadas nos personagens de filmes gangsteres americanos dos anos 30 e a maneira de dançar Ska chamava atenção, tanto pelas roupas quanto pela maneira imponente de dançar.
Posteriormente com a imigração para a Inglaterra, especificamente Londres, desses jovens e o contato com jovens brancos e pobres provenientes da classe operária nos bailes de música negra, fez nascer a figura do skinhead, que reúne elementos culturais tanto dos rude boys jamaicanos quanto dos mods ingleses.
Diz a lenda que foi atendendo a pedidos do público que o Ska foi um pouco desacelerado para que fosse possível encaixar uma letra de música, já que nele eram os metais quem preenchiam os compassos musicais. Outra versão conta que os instrumentistas dos metais estavam insatisfeitos com a pequena remuneração que recebiam e acabaram ficando para segundo plano, dando mais destaque ao vocal e aos outros instrumentos, como o baixo que criava novas linhas de riddins e a guitarra.
É nessa desaceleração do Ska que temos as origens do Rocksteady. Ele predominou nas paradas jamaicanas entre o Ska e o surgimento do Reggae, mais precisamente entre os anos de 66 e 68. É visto como uma fase de transição entre os dois ritmos. Não é tão rápido quanto o Ska e nem tão lento quanto o Reggae. Sua principal característica foi desviar mais a atenção para o vocal, com o surgimento de duos e trios vocais. Suas letras geralmente falam do cotidiano, prevalecendo às temáticas amorosas, com melodias bem definidas e harmonizadas.
Bob Marley chegou a gravar alguns temas de Rocksteady quando voltou dos EUA em 1966.
Como para se fazer Rocksteady não se necessitava de tantos instrumentistas quanto para se fazer um Ska, a produção musical jamaicana sofreu um intenso impulso, que fez a ilha fervilhar de novos talentos como Melodians, Heptones e Paragons. Por ter sua estrutura mais a ver com o Reggae do que com o próprio Ska, o Rocksteady tem sua história um pouco deixada de lado, ficando para o Reggae o maior reconhecimento pelo grande público e fama da música jamaicana.
Raphael Cruz (f.raphael.c@gmail.com)
Bergson Henrique ( magao_sppud@hotmail.com)
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Gonn - The Loudest Band in Town (Sundazed/BeatRocket, 1998)
A história do Gonn é semelhante à de qualquer outra banda de garagem americana dos anos 60, vivendo num ambiente marcado pelas intensidades da adolescência e pela vontade de ter um banda, o que só poderia desaguar no amadorismo cru e bruto do rock de garagem, tão presente em festas colegiais, matinês e concursos do tipo Battle of the Bands. A trajetória da banda está associada a figura de seu baixista Greg Moore, que havia tocado anteriormente em pequenos grupos de curtíssima existência e nenhum registro, como The Gallows e The Outcasts.
Antes de finalmente ser formada a banda, seus futuros integrantes passaram por grupos pré-Gonn como The Accused, The Rogues, The Pagans. Este último se destaca por ser um dos primeiros grupos garageiros sessentistas a contar em sua formação com integrantes brancos e negros. A mudança do nome de Pagans para Gonn ocorre por causa da mãe do guitarrista Rex Garret, que não gostava que seu filho fosse chamado por ai de "pagão". Os garotos de Keokuk admiravam uma banda chamada Madd da vizinha Ottumwa (outro nome estranho!) e nesse espírito, acrescido de um leve toque beatnick, Rex disse Gone e Craig acrescentou dois "enes", estavam então finalmente batizados de Gonn e como seus ídolos Madd, dispensaram o tão presente "The".
Entre o final de1966 e o começo de 1967 sai o primeiro compacto que trazia a devastação sonora Blackout of Gretely no lado A e Pain in My Heart no lado B, clássico na voz do soulman Otis Redding e também gravada pelos Rolling Stones, nos quais o Gonn se baseou para fazer sua versão. O line up então contava com Craig Moore (vocal principal e baixo) Gerry Gabel (órgão e vocais), Gary Stepp (guitarra rítmica), Rex Garrett (guitarra principal) e Brent Colvin (bateria). O single foi prensado naquele ano em apenas 600 cópias pela Emir Records de Iowa e hoje custa a bagatela de 1.000 dólares em sites como Ebay. Blackout of Gretely foi composta por Craig Moore/Rex Garrett e começa com a declamação "The universe is permeated with the odor of kerosene", sendo um convite para a audição de uma pérola que reúne todos os aspectos mais primitivos dos Stones, só que elevados à décima potência no quesito "crueza" e mais toques, segundo seus próprios integrantes, de The Standells, Count Five e The Yardbirds.
Com o mesmo line up ainda gravaram um segundo compacto no início de 1967, contendo Doin' Me In no lado A e I Need You (cover do Kinks) no lado B, que nunca foi lançado, até possivelmente ter visto a luz do dia novamente em 1984 na compilação Rough Diamonds: The History Of Garage Band Music Vol 9 - Gonn (Voxx Records). Doin' Me In é a sucessora de Blackout of Gretely, tendo que ser grava mais de uma vez devido o excesso de gritos e barulho, mas apesar de ser uma segunda gravação a música ainda é brutal e demoníaca o suficiente quarenta anos depois. No meio de 1967 ainda gravaram outro single, esse sim lançado e que continha Come With Me (To The Stars) no lado A e You're Looking Fine no lado B.
Blackout of Gretely foi regravada pelos Fuzztones em seu segundo single Leave Your Mind At Home em 1984 e a versão original do Gonn circulou por inúmeras compilações piratas dedicadas ao garage e ao punk ainda nos anos 80.
Em 1990 a banda se reune novamente para um show em frente ao Rio Mississipi. E em 1996 lançam oficialmente seu primeiro Lp, chamado Gonn With The Wind, com seis dos sete integrantes que passaram pela banda, contendo uma faixa ao vivo da reunião de 1990. Em 1997 fazem turnê pela Europa, passando pela Itália, França e Holanda. Ainda nesse ano participam do Fuzz Fest em Atlanta. Em 1998 a Sundazed Records lança, como parte de sua série BeatRocket, um Lp contendo material extra do Gonn de 1966-1967, além de seus compactos, com uma produção fiel as master tapes analógicas originais.
À título de curiosidade, a razão pela qual Blackout of Gretely não constar na versão original da compilação Nuggets, lançada em Lp em 1972, era que ela passava dos quatro minutos, quesito usado para a seleção e produção da coletânea em seu formato original.
Em 2001 mais uma turnê européia e em 2004 se dá a entrada do Gonn para o Iowa Rock And Roll Music Association Hall Of Fame, figurando assim ao lado de Buddy Holly, Ritchie Valens, Bobby Vee, DJ & The Runaways, The Trashmen, The Union Jacks, Al's Untouchables entre outros. No ano de 2007 a dupla responsável pelo clássico 60's punk Blackout of Gretely, preparava um novo álbum e anunciavam mais shows pela frente.
Certamente o título de a banda mais ruidosa da cidade faz jus ao Gonn. Longa vida a essa banda permeada de querosene, ruído e fuzz!
Teen Trash
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sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Provos, Kommune 1, Motherfuckers, Yippies e Panteras Brancas
Outro grupo ativo na mesma época, porém mais preocupado com golpes teatrais do que com ação direta, eram os Yippies (Youth International Party — Partido Internacional da Juventude). Enquanto os Motherhmckers haviam entrado nos círculos freaks pela esquerda de agitação cultural, os Yippies emergiram diretamente da subcultura hippie. Em Nova York, os Yippies organizaram um Human Be-In na Estação Central durante a hora do rush — para a grande inconveniência das pessoas que tentavam voltar para casa — e causaram pandemônio na bolsa de valores ao jogar centenas de notas de dinheiro de um mezanino nos operadores de mercado, que prontamente deixaram seu trabalho para lutar pelas notas. Na Inglaterra, eles causaram ultraje nacional quando invadiram o programa de TV David Frosr Show. A nomeação Yippie de um porco chamado Pigasus para presidente foi parte da intervenção em Chicago, durante a Convenção do Partido Democrata de 1969, oito radicais de esquerda, entre eles os Yippies Abbie Hoffman e Jerry Rubin, foram levados à corte pelo juiz Julius Hoffman no que ficou conhecido como o julgamento da Conspiração de Chicago. Durante essa audiência, o juiz entrou em várias discussões com os réus e seus advogados. Quando o júri se retirou para considerar seu veredicto, o juiz condenou todos os réus, e seus advogados, a períodos de prisão por desrespeito à corte durante o julgamento. O óbvio preconceito do juiz, ao conduzir o julgamento, e as sentenças que deu foram amplamente criticadas; o Julgamento da Conspiração de Chicago tornou-se o mais famoso da história americana. As sentenças de prisão resultantes mostraram que o capitalismo americano era mais opressivo do que os Yippies imaginavam. O movimento se desintegrou lentamente, na medida em que seus membros descobriram que o sistema capitalista era realmente tão maldoso quanto sua retórica tinha dado a entender.
*Obviamente, o grande número de movimentos ativos durante os anos 60 faz com que seja impossível cobrir sequer uma fração deles no espaço disponível aqui. Entre os grupos mais interessantes que omiti estão os Diggers de Emmett Grogan, que passaram o úm dos anos 60 fornecendo comida grátis, roupas grátis, alojamento grátis, etc., para as pessoas nas ruas Haight e Ashbury em São Francisco. Grupos Diggers, inspirados pelas atividades de Grogan, espalharamse mais tarde pelos Estados Unidos e pela Europa. Esses grupos representavam um lado eminentemente prático de um movimento que o sistema muitas vezes acusou de ser idealista e pouco prático.
Teddy Boys
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Beats X Hippies
Beats X Hippies*
Antonio Bivar
Apesar de ter tido como cenário-base a universidade de Colúmbia — onde aqueles que seriam as figuras mais importantes do movimento, Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs, praticamente se conheceram —, o movimento beat ficaria ligado aos cenários do Village em Nova lorque e da zona boêmia de São Francisco, Califórnia, pelos antros e cafés boêmios de ambas as costas. A postura beat tinha muito de existencialista. Jovens letrados da classe média baixa e alta querendo tudo que fugisse aos rigores escola- família-futuro-vida doméstica. Era o novo sonho de liberdade, a retomada do pensamento filosófico e naturalista de Thoreau e da poesia escrita e vivida por Walt Whitman. A vida aventureira e simples dos hobos (andarilhos, vagabundos) e dos mais pobres. Ricos porque livres. Dormir ao relento, trabalhar em navios mercantes para conhecer a vida rude dos sete mares e as alegrias não menos rudes de cada um de seus portos. Fumar haxixe no Marrocos, meditar na Índia, jogar xadrez ou escrever poemas e romances nos cafés de Paris. William Burroughs em Tânger; Allen Ginsberg no Tibete; Jack Kerouac on the road (pela estrada afora). E o jazz, como frente musical. A pintura abstrata, Jackson Pollock. Os beatniks foram os primeiros a difundir, para a juventude ocidental, o zen-budismo, a meditação transcendental, as experiências da vida ao ar livre, as caronas, a celebração de si mesmo em harmonia com o universo. Kerouac em São Francisco, bebendo vinho barato e comendo pizza; ou alternando cerveja com uísque; ou passando dias e noites trancado e escrevendo sob o efeito excitante da benzedrina e ao som do jazz. Cool jazz: Kerouac dizia que, quando Miles Davis soprava seu trompete, o som era como longas sentenças escritas por Proust. Jack primeiro sonhara ser um moderno Thoreau; depois quis ser o Proust da América, de sua geração, de seu povo; leu Moby Dick e desejou ser o novo Herman Melville. Acabou sendo ele mesmo, um original — On The Road é uma das obras máximas de todo o trajeto da literatura americana. Depois de todo o sonho que ele apregoara ter sido espalhafatosamente vivido pelos hippies, na geração seguinte, Jack Kerouac morreu de desgosto, tédio, alcoolismo, hérnia e uma hemorragia abdominal, em outubro de 1969, na Flórida. Aos 47 anos, jovem ainda.
Título meramente ilustrativo do exceto do livro O Que é Punk (Coleção Primeiros Passos, n 76). Antonio Bivar. Editora Brasiliense, São Paulo, 2001
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Guerra de Estilos
Os Yippies e a Politização do Psicodelismo
Em seu livro Rock, o Grito e o Mito, Roberto Muggiati afirma o seguinte sobre o importante congresso de antipsiquiatria realizado em Londres, no ano de 1967: “No verão de 1967, 0 rock é um dos assuntos estudados em Londres no congresso Dialética da Libertação, organizado pelo psicanalista existencial R. O. Laing e seus colegas da ‘antipsiquiatria’, num esforço para conciliar libertação social e libertação psíquica. São grupos da Nova Esquerda, psicanalistas e sociólogos que debatem, procurando dar forma a uma esquerda visionária e fundir a política radical com a política do êxtase”.
Outro acontecimento que dá mostras desta “politização radical do psicodelismo”, na segunda metade da década de 60, são os distúrbios que envolveram a Convenção do Partido Democrático realizada em Chicago, em agosto de 1968. O episódio se converteu numa das maiores demonstrações do potencial de violência e repressão que o Sistema era capaz de mobilizar contra o protesto organizado de negros, estudantes e hippies, ou yippies. O que se viu foram três dias de intensas manifestações e violentos choques com uma polícia disposta a fazer um uso essencialmente político de sua força, revelando a existência de um verdadeiro plano com o objetivo de assustar e intimidar os manifestantes e tendo como resultado um enorme saldo de mortos e feridos. De uma certa forma, estes episódios demonstravam os limites do liberalismo americano na sua possibilidade de tolerar e absorver a contestação que os grupos ali presentes representavam e engendravam. O resultado final foi o famoso Chicago Trial, o Processo de Chicago; envolvendo diversos líderes dos movimentos ali presentes, como Bobby Seale, do Black Panther Party, Jerry Rubin e Abbie Hoffman, do YIP, ou Tom Hayden, um dos fundadores da SDS (Students for a Democratic Society), e um importante líder da Nova Esquerda, todos indiciados sob a acusação de “conspiração”, embora a falta de provas fosse evidente. Na verdade, o que estava sendo julgado neste momento era a própria identidade de uma geração, com sua consciência crítica e seus ideais de transformação social.
Mas não foi apenas nos Estados Unidos que o ano de 1968 significou um momento de confrontação radical com o Sistema. Também na Europa, este foi um ano decisivo para o movimento estudantil — uma das grandes manifestações do ativismo da juventude rebelde dos anos 60. Quem não se lembra do Maio de 68 francês, com suas barricadas e seus siogans de um radicalismo que em nada se parecia com o das manifestações políticas tradicionais? “Sejam realistas: peçam o impossível”, “O sonho é realidade”, “Temos uma esquerda pré-histórica”, “O álcool mata, tomem LSD”, “Sou marxista, tendência Groucho”, “É proibido proibir” e tantos outros. Do mesmo modo, as universidades alemãs demonstraram durante toda a década, uma incrível efervescência.
Este novo caminho trilhado pelo movimento estudantil internacional era, em boa medida, o resultado do encontro de todas aquelas forças emergentes que a rebelião da juventude havia posto em cena. De um lado, hippies, yippies, negros e uma infinidade de minorias etnoculturais que se organizavam e, de outro, um novo pensamento de esquerda que tentava se ajustar às transformações e à complexidade das sociedades industriais. Era a Nova Esquerda, que vinha se organizando desde o começo dos anos 60. Um de seus frutos no interior do movimento estudantil foi a SDS (Students for a Democratic Society), a maior organização estudantil dos Estados Unidos, com forte presença em vários países europeus, fundada por volta de 1962.
Por sua vez, este discurso crítico que o movimento estudantil internacional elaborou ao longo dos anos 60 visava não apenas as contradições da sociedade capitalista, mas também aquelas de uma sociedade industrial, tecnocrática, nas suas manifestações mais simples e corriqueiras. Nas palavras de um manifesto afixado à entrada principal da Sorbonne durante o Maio de 68: “a revolução que está começando questionará não só a sociedade capitalista como também a sociedade industrial. A sociedade de consumo tem de morrer de morte violenta. A sociedade da alienação tem de desaparecer da história. Estamos inventando um mundo novo e original. A imaginação está tomando o poder”.
Em 1971, foi organizado um enorme congresso em Berkeley, Califórnia, do qual participaram, ao lado de sociólogos e outros cientistas, os principais líderes das comunidades hippies, jovens radicais de organizações estudantis, representantes de minorias como o Gay Power, Women’s Lib, Black Panther e assim por diante. O que se procurava realizar era uma espécie de balanço de toda aquela intrincada movimentação dos anos 60, bem como a avaliação das possíveis saídas a curto e médio prazo, O resultado foi a publicação de uma “declaração de princípios” na qual, em determinado trecho, se afirmava o seguinte: “A nova sociedade, a Sociedade Alternativa, deve emergir do velho Sistema, como um cogumelo novo brota de um tronco apodrecido. Acabou-se a era do protesto subterrâneo e das demonstrações existenciais. Acabou-se o mito de que os artistas têm que estar à margem de sua época. Devemos de agora em diante investir toda a nossa energia na construção de novas condições. O que for possível utilizar da velha sociedade, nós utilizaremos sem escrúpulos: meios de comunicação, dinheiro, estratégia, know-how e as poucas e boas idéias liberais”.
Esgotada, é evidente que a contracultura não estava. No entanto, os sinais de um remanejamento das linhas básicas de seu projeto inicial são evidentes. Quais as chances de vitória desta reorientação tática. . . e estratégica? Quais os riscos de absorção pelo Sistema? Difícil responder. O mínimo que se pode dizer é que, vista com o recuo de uma perspectiva histórica que a passagem de mais dez anos já nos permite ter, aquela reorientação era realmente inevitável.
*Fonte: Título meramente ilustrativo do exceto do livro de Carlos Alberto M. Pereira, O Que é Contracultura (Coleção Primeiros Passos, n 100), São Paulo, Editora Brasiliense:1984.